terça-feira, 23 de agosto de 2016

UMA ATITUDE PUTCHI PUTCHI NA QUERIDURA DO SER

Ser e ter uma atitude putchi putchi é imprimir no tempo e no espaço um gesto que vai da relação do ‘eu’ ao ‘outro’ um “ oh tão fofinho! Vou ajudar, porque eu sou uma alma caridosa!” Geralmente esse ímpeto caridoso emana de quem não está necessitado, em muitos casos numa situação relativamente favorecida para intervalar com a sua alma de missa de domingo. Não é que não haja uma certa amorosidade, uma boa vontade em fazer bem ao próximo. Mas é inconsequente porque não tem continuidade no tempo e no espaço, logo não ajuda a resolver a situação em que o ‘outro’ se encontra. Pode-se também ter uma atitude putchi putchi com o pobrezinho da favela e do meio do sertão e não enxergar quem está ao seu lado, à necessidade dum amigo, dum irmão, dum colega. Isso se define por insensibilidade putchi putchi.
Há quem tenha em simultâneo atitudes fascistas e putchi putchi. Por exemplo, defender um golpe anti democrático, como o da trupe do brasileiro Temer, é ter uma atitude fascista. Mas isso não impede que logo de seguida o seu coração se compadeça diante dum faminto. Sim, os fascistas ou aqueles com atitudes fascistas também transportam dentro de si um coração. Só que putchi putchi. Um coração turvo nos sentimentos de justiça, igualdade e fraternidade.
Ana Piu
Braziule, vinti treish de a gosto de 2016


foto: Ralf Henze

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