sábado, 19 de dezembro de 2020

HUMA UNIDADE - comemorando a independência dos países africanos de expressão lusófona, entre outras expressões linguísticas e culturais

 

Há milhares e milhares e mais milhares de anos, que são muitos mas muitos séculos e até milénios, que a escravatura existe. O antigo Egipto foi pioneiro. Outras civilizações e Impérios, assim como grupos menores, sustentaram a sua existência na subjugação, fruto de de disputas e de poder.  Tornar o 'outro', o inimigo, refém, prisioneiro e escravo é uma prática milenar. Nos últimos quinhentos anos, com a expansão marítima, a escravatura ganhou contornos tão nefastos que pode e deve ser considerado o maior genocídio de todos os tempos. Embora quando se pesquisa muito por alto sobre genocídio raramente aparece listado essa projeto mercantil que se iniciou ali por volta de 1500. Enumera-se o Holocausto nazi, entre outras atrocidades planetárias cometidas de seres humanos para seres humanos mas não se fala do colonialismo em África, nas Américas e até mesmo na Ásia realizadas por vários países europeus, onde Portugal e a vizinha Espanha - sua hermanita rival - estão no topo desses crimes cometidos contra a humanidade.

Adianto já que sou portuguesa e que como eu muit@s outr@s conterrâne@s somos contemporâne@s do século XXI, contrariamente a outros que se dizem colonizados mas nem se tocam que são eles os colonizadores. Além de perpetuarem um projeto ultrapassado ainda se acham no direito de serem moralistas escarnecendo e enfiando o dedo na cara em portugueses e portuguesas trabalhadoras fruto dum Portugal que conheceu a democracia há 46 anos e que as riquezas das colónias era para uma elite, e meia dúzia de privilegiados. e não para o povo, para a população. Seria interessante esses seres estudarem um pouco mais, informarem-se digamos das suas origens e da sua própria história e assumirem que estão rodeados de mordomias e privilégios, nos seus condomínios fechados ou até abertos onde os empregados, normalmente de cor escura acessam às suas casas pela porta de serviço. 

Pensar, falar, escrever sobre escravatura é algo que exige fôlego porque além de ser uma ferida aberta é uma prática ainda comum, sendo esta mais ou menos acentuada. Quando alguém não valoriza o trabalho de outro alguém e acha que não deve ser pago ou deve-se pagar uma ninharia é o quê? Quando se aceitam medidas neo liberais em que o vinculo empregatício resume-se a prestações de serviços, desresponsabilizando o empregador e denominando o empregado de micro empreendedor trata-se do quê?

Escrever, falar, pensar sobre escravatura é olhar para a história do patriarcado, quando as comunidades nómadas tornam-se sedentárias, quando a caça é um dos meios de subsistência, quando o homem entende que é ele quem engravida a mulher e por aí vai. Um número infinito de complexidades que levou a humanidade a se desintegrar enquanto unidade com as suas múltiplas e infinitas diversidades.

Incas, Maias, Astecas, Tupinambás, povos dessa imensa África, entre outros são exemplos de quem encontrou na escravidão uma forma de afirmação cultural e social.  Em pleno século XXI urge olhar com olhos e ouvidos de sentir o passado, o presente e o futuro com responsabilidade. Olhar paras feridas abertas, que consistem no tráfico de seres humanos para submetê-los trabalhos forçados e sexuais, e curar. Curar significa não reproduzir no micro esses abusos de poder e confiança. E largar a mão de sermos moralistas e sonsos também é um grande contributo para a Huma unidade.

Até ao próximo texto nesta comemoração dos 45 anos de Independência de Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde e Timor Leste do jugo de Portugal, do meu querido país que precisa de levar uns cascudos assim como o Brasil - ihihih nos seus eurocentrismos mal resolvidos ihihih-.Amo o Brasil, mas precisamos ( junt@S!) de colocar uma água oxigenada em muitos pontos.  Arde? Ah pois arde! Ninguém disse que água oxigena não arde! Ora pois pois pois. Morreram as vacas e ficaram os bois!


A Piu

Campinas SP 19/12/2020

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