" Afrofuturismo é sonhar um futuro em que as pessoas negras estejam vivas." Nátal Nei; TedX
Estamos a duas semanas do final deste surpreendente, desafiador e instigante ano de 2020. Vocês acreditam em energia e sua espiritualidade? Esta pergunta foi feita aos interlocutores da imperdível série " Afronta". Eu acredito. Somos feit@s de energia. Está ou não está cientificamente provado? Pergunto a vossa excelência cética que matou o divino para idolatrar a ciência com uma mera substituição de crenças em que a energia do cardíaco e sua abertura tem sido muitas vezes esquecida. Para muitos doutos falar de energia e caminho do coração é motivo de chacota e também de algum equivoco que mete no mesmo saco esoterismos mágicos levantados e defendidos por uma turma que acredita em raças superiores e inferiores. Enfim.
Antropologicamente falando, o conceito de raça é uma construção social que serve para segregar e subjugar. Logo, trocando por miúdos, as raças não existem. Existem fenótipos de melaninas diversas com culturas e práticas sociais especificas e também globais.
A duas semanas do final de 2020, escrevo aqui desde o Brasil, eu uma portuguesa de tez clara mas bronzeada pelo sol tropical, de olhos azuis, cabelo originalmente castanho claro, como a Marlyn Monroe antes DE pintá-lo (ahaha eu comparar-me à Monroe é o fim da picada!!! Ihihih rir faz bem, galerada! Que o assunto é sério!) . Primeiro dedico este texto a tod@s do meu convívio familiar, nomeadamente a minha tia Julieta( Pereira) que ontem fez 72 anos e que me relatou que foi professora primária em Cabinda, Angola durante a guerra com Portugal, na circunstância de acompanhar o marido nessa façanha ao qual foi obrigado a ir, já que não escolheu desertar ou até mesmo não teve a possibilidade de fazê-lo. Desde criança guardo na memória as palavras de sua indignação relativamente à diferença de trato entre as crianças negras, pretas, que eram a maioria, e as brancas que se contavam pelos dedos segundo as fotos que eu cheguei a ver. Palavras essas que relatavam igualmente que foi avisada de não levantar muita poeira em defesa " dos pretos" para não ser afastada da sua função de alfabetizadora. Enfim, corria o ano de 1971 ou 72 e esta era a realidade que se vivia em Angola e com certeza em todos os outros países africanos colonizados e escravizados durante séculos por Portugal até se tornarem independentes de Portugal em 1975. Resumindo, há 45 anos que Portugal não é império e eu faço parte da primeira geração dessa grande conquista aliada à queda do fascismo de Tonecas Sal Azar, aquele que caiu da cadeira e bateu as botas sem ninguém lhe dizer que ele já não era o ditador devido ao seu estado avançado de decrepitude.
Ontem assisti a esta série: " Afronta" e recomendo vivamente!!! Colocarmos-mos no lugar de escuta além de importante é urgente e entender ou ir entendendo o que é a ladeira do privilégio, da apropriação aliada ao oportunismo e individualismo, e reconhecer corpos e almas com uma ancestralidade potente que reivindica pela sua dignidade dispensando peninhas e outras sonsices.
Ah! Também dedico este texto, naturalmente aos povos africanos, afro descendentes, afro indígenas e indígenas. E por consequência às minhas duas filhas, fruto desses encontros futuristas com multi ancestralidades afro indígenas europeias. Também dedico a mim e ao povo português descendente também dos mouros, oriundos do norte de África.
Beijos e abraços e até ao próximo texto sobre este tema!
A Piu
Campinas SP 16/12/2020
A série AFRONTA! é dirigida pela cineasta negra Juliana Vicente e lança luz sobre a potente juventude negra brasileira contemporânea que contam
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