domingo, 17 de novembro de 2019

É NÓS OUTROS MESMO!

É NÓS OUTROS MESMO!
" OS PUNKS NÃO MORRERAM!!!" - gritei para acabar com aquela festa de aniversário, que virou uma celebração do qual eu não queria fazer parte. Está claro que a adolescente rebelde que trago em mim saiu do armário com esta idade!!!!  Consegui escangalhar uma festa, o que a minha consciência pediu para pedir desculpas no dia seguinte à aniversariante. Está claro que a frase virou piada interna ( private joke) entre um casal amigo querido, também das artes, e mim por estarmos juntos naquele dia em que eu estreava um trabalho de palhaçaria e fomos parar " por acaso" numa festa de artistas circenses coxinhas que celebravam o golpe temeroso (!?) Naquele domingo de 2016 ali estavam uns tantos entre um grelhado e uma bebida perguntando como estava Portugal. E como eu ainda não me tinha sanado do neo liberalismo desmoralizante adotado e perpetuado pelos governos do meu país o colapso começou aí. Só para desarrumar ideias engessadas sobre a Europa, sua estabilidade e ética vigente que assegura um bem estar social para todos. Eu nunca conheci essa Europa no meu país de origem, porém gostaria de escutar os coxinhas ou os petistas com possibilidade de emigrar que agora moram em Portugal. Só para saber qual a sua visão sobre a conjetura socio politica. Por favor, peço só duas condições: não falar que Portugal é mais seguro que o Brasil, pois a insegurança e criminalidade são fruto dessa mesma mentalidade com base na desigualdade social e descriminação étnica que os mesmos reproduzem. A segunda condição é não sinalizarem que o consumo é muito mais acessível. Eh pá! Já é tempo de entendermos que este consumo desenfreado com base na mão de obra barata e escrava não é sustentável. Além de produzir lixo não reciclável.
A lógica do capital do consumo obrigatório, com ou sem qualidade, acrescido à lavagem cerebral dum jornalismo duvidoso singra entre o mais comum mortal. E como comuns mortais que somos, em que alguns escolhem que pensem por eles por isso existem ditadores e déspotas, criamos ideias feitas acerca de nós e dos outros com base na economia (inter)nacional especulativa.
Bem me lembro, em 2012, quando cheguei ao Brasil toda a minha gente estava num entusiasmo consumista de uso de cartão de crédito. Qual era o governo? PT. Komuna? Como assim?! Quem democratiza o crédito é komuna?!?! Desconhecia essa. Porém para alguns, os "diferenciados" de educação e consumo "diferenciado", os que estão supostamente abaixo não podem consumir coisas diferenciadas (...), muito menos importadas (...), tampouco viajar, falar outra língua e ter acesso à educação e profissões ditas qualificadas.
Hoje os venezuelanos são igualmente alvo de preconceito, no Brasil por exemplo, por conta da situação politica do seu país. Eu como portuguesa também tive a minha dose de preconceito por ter essa nacionalidade, ser mulher e artista "pretendendo" fazer a pós graduação em Antropologia Social. Na universidade tive a oportunidade de lidar com académicos coxinhas com tendências fascizoides, embora dando uma de "open mind".
O que mais gosto da postura daqueles venezuelanos que conheci foi a capacidade de se rirem de eles mesmos com dignidade. No meu caso conheci artistas circenses buenissimos, com escola e estrada, que buscam a vida com dignidade com consciência do momento que estão vivendo. Mas tudo passa, companheiros! A especulação e politicagem não se sustentam. Façamos diferente nas micro relações.
Resumindo e concluindo: É NÓS OUTROS! OS PUNKS NÃO MORRERAM!
A Piu
Brasil, 17/11/2019

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" Persépolis" - Marjane Satrapi


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