quarta-feira, 22 de maio de 2019

O CAMINHO FAZ-SE CAMINHANDO

O espetáculo " Um Buraco no Céu" foi criado em 2013, fruto duma parceria com a artista visual Denise Valarini. Foi ela quem me apresentou algumas linguagens que eu desconhecia: teatro lambe lambe e teatro de papel. Manipulação de bonecos e máscaras eu já conhecia mas não desenvolvia, embora já desenvolvesse a máscara menor do teatro: o nariz de palhaço. A Denise trouxe um texto e fomos desenvolvendo. Nesse ano viajamos até à Argentina para apresentar num festival de titeres em San Nicolas e no museu da marioneta em Buenos Aires. Por questões profissionais a Denise passou o legado das bonecaria para eu dar continuidade ao trabalho e assim fui reescrevendo o trabalho nesses anos de resiliência que passavam por alguns lutos, nomeadamente o da minha avó e alguns amigos queridos apesar dos desencontros de entendimento. E assim fui conduzindo a dramaturgia do trabalho: como chegar a um entendimento que nos una ?

Este trabalho a solo, como o solo de palhaça " Os Numbros de Bell Trana d'Tall" e as caixa de teatro lambe lambe: " Uma janela para o largo" e " A Viagem de Maria da Luz" tem sido suspiros, fôlegos umas vezes até vertiginosos de continuar a acreditar  que o trabalho artístico é válido e que este é possível de continuar a ser uma forma de nos sustentarmos financeiramente e que não é por fazer trabalhos a solo que nos isolamos das parcerias. Pelo contrário! Termos autonomia abre espaço para relações com mais inteireza.

"Um Buraco no Céu"  tem sido apresentado em festivais tanto no Brasil, como Portugal e Argentina e durante algum tempo foi a minha boia de salvação numa praia que conclui que não é a minha, apesar de amar estudar. Praia essa que é o meio acadêmico que de tão mentalista que é padece de sentimento, inteligência emocional. " Um Buraco no Céu" foi e é uma homenagem à maior idade, tanto dos meus avós, como dos Idosos que encontrei durante a minha etnografia no mestrado em Antropologia Social. Uma homenagem artística é-me mais valiosa que análises sociais. E uma coisa que eu já alguns anos sei que estou na minha praia, sabendo que posso sempre melhorar, é estar em cena, atuar como atriz. Grata ao jurado pelo reconhecimento. Tomo estes prémios como reconhecimento e não como competição tal qual Jogos Olimpicos. VIVA A CLASSE ARTÍSTICA!! VIVA NÓS!

É com muita comoção receber um prémio de terceiro melhor espetáculo, pois eu levei algum tempo, anos, a entender como tocar o coração do público brasileiro e estrangeiro. Um espetáculo feito na marra sem dinheiro mas com muito carinho, em algumas vezes com melancolia, e  com a determinação de confiar mais no trabalho de autoria e na capacidade de viver do mesmo. 
Gratidão aqueles que tem saciado a minha sede e sossegado a minha fome. Fome de poesia, de solidariedade, de comida, e todas as fomes que nos fazem olhar para nós e para o entorno com mais tranquilidade, erradicando a carência e o desespero. E assim as parcerias são sim boas uniões!







Foi uma honra ter participado do 10% Festival de Teatro de Mogi Guaçu/ SP com o espetáculo de formas animadas " Um Buraco no Céu" cujo tema é a ecologia das emoções.
Gratidão infinita pelo acolhimento de toda a equipe que continua a acreditar na importância do fazer teatral e outras artes. Gratidão pelo reconhecimento do trabalho e pela premiação de 'Melhor Atriz' e 'Terceiro Melhor Espetáculo'. Este trabalho dedico a todos nós que re existimos com o nosso trabalho e aqueles e aquelas que vieram antes de nós.
A Piu
Campinas SP 22/05/2019

Dona Zenilda recebe o prémio de melhor atriz
Feliz por comunicar através da arte

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