terça-feira, 21 de maio de 2019

MAIO MADURO MAIO QUEM TE PINTOU? * #PROFISSÃOARTISTA



MAIO MADURO MAIO QUEM TE PINTOU? * - o valor do nosso trabalho #PROFISSÃOARTISTA
Hoje, como sempre, é importante refletir, individual e coletivamente, sobre a viabilidade de nos sustentarmos financeiramente com esse nosso ofício, essa profissão que é artística. Em primeiro lugar, nós artistas termos mais firmeza em nossa atitude em relação à nossa atividade. Nos apresentamos como artistas profissionais e perdemos a nossa modéstia, falsa modéstia e pudor de que o nosso trabalho tem um preço sem valor material, que deve ser democrático, logo livre ou cada um dá o que sente em seu coração. O ponto é que, antes de perguntar ao público em geral, cada um dá o valor que sente em seu coração e pode haver pessoas que ainda não estão conscientes de sentir com o coração. Nós artistas precisamos ser mais práticos. Falar sim com o coração, sem ganâncias ou mendigando,falar com calma e sem vitimismo sobre nós; que para fazer este trabalho há uma dedicação e investimento, não só de tempo de investigação e execução como financeiros. Explique àqueles que não sabem que isso é um trabalho e explique por que e os benefícios que podem trazer para uma sociedade emocionalmente mais sustentável. Valorizar a arte é valorizar a cidadania e valorizar a cidadania é valorizar o trabalho de terceiros, sejam eles artistas, professores, médicos, pedreiros ou empregados domésticos. É urgente que os artistas saibam valorizar o seu trabalho e conhecer a prática do valor confortável que é desenvolvido pela prática da comunicação não-violenta. No valor confortável, o artista, artesão, intérprete dá um valor básico ao trabalho e um valor ideal. O espectador / "consumidor" dará dentro desse valor o que é confortável para seu bolso e para sua consciência. Em relação ao conceito e prática da arte como algo livre e / ou voluntário onde o artista não recebe nada em troca de não ser aplauso, um sorriso, um abraço ou uma voltar das costas e ainda se doa com seu trabalho e sua alma é urgente refletir. Nesse caso, temos que refletir a razão pela qual não estamos valorizando nosso trabalho. Em relação ao voluntariado, só temos que decidir se faz sentido doar voluntariamente o nosso trabalho, porque o fazemos a nós diz respeito. Por altruísmo ou para solidificar um projeto a se desenvolver com vários tipos de recursos, nomeadamente o humano e financeiro. De facto não forçar ou julgar a decisão de terceiros se quiserem se voluntariar ou não é básico mas necessita de ser lembrado. Assim como necessita de ser lembrado se a pessoa acha tão importante e bonito ser voluntaria voluntarie-se ela própria, ao invés de voluntariar ou querer voluntariar os outros. Quando um cuida do seu próprio voluntariado. Se um dentista, um horticultor, um padeiro, a empresa de água quiser doar ao artista o seu voluntariado, o artista certamente se sentirá muito compensado pelo valor emocional e de identidade que a arte, cultura e educação têm para a sociedade. A arte de rua é democrática e, portanto, acessível ao público e apenas para artistas como idealizadores de sonhos e pausas de rotinas.
Por outro lado, a importância de se terem políticas públicas que apoiem ​​a arte, a cultura e a educação é como a importância de saneamento básico. Assim como as empresas privadas dialogarem mais com esse mercado de trabalho, porque não só a produção em série e o lucro vive o "Homem", como as empresas precisam entender esse paradigma que é a importância das manifestações artísticas como bem-estar social.
Por último, e nesta incluo-me a mim de corpo e alma pelas mais variadas vicissitudes da vida ( esta palavra agora saiu cara,mas não há que teme-las assim como não perder o hábito de lermos e consultarmos o dicionário faz parte do auto didatismo pois a educação não está só nas mãos das instituições) , aprendermos o oficio de sermos nossos próprios produtores culturais. Autonomia e auto gestão são posturas que não sejam más de pensar face uma sociedade que precisa de rever a sua lógica de mercado e as suas leis trabalhistas que descartam com uma certa facilidade o trabalhador, seja este qualificado ou não. Contribuir no chapéu não é uma esmola, defender as leis de mecenato e outros incentivos à cultura são apostas numa sociedade com cultura para a paz, onde a violência vira uma brincadeira de criança birrenta que é risível para quem já entendeu que isso já foi chão que deu uvas, como se diz na minha terra que é um mundo inteiro. Olhar olho no olho torna-nos seres mais empáticos.
A Piu
Brasil, 21/05/2019
Este é um trecho duma resposta para um questionário realizado por Paula Casanova de Barcelona/ Catalunha sobre teatro lambe lambe.
* José Afonso
imagem: " Uma Janela para o Largo"- teatro lambe lambe de Teatro Balbuínas com Ana Piu, máscara confeccionada por Denise Valarini

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas
Crédito: Gilmar Castro Moura

Sem comentários:

Enviar um comentário