Antes de toda e qualquer consideração afirmo que o conhecinhemto é importante como base duma sociedade que se auto valoriza. A educação é bastante importante, principalmente como exercicio democrático que valoriza cada cidadã e cada cidadão. Mas o que me traz aqui é compartilhar algumas visões, a partir da minha experiência académica, sobre essa instituição que se chama universidade. Há relativamente pouco tempo inteirei-me realmente que eu sou a primeira mulher da minha linhagem que frequentou uma graduação e uma pós graduação. Isso, claro, não me faz mais e melhor que todas as outras mulheres que vieram antes de mim. Pelo contrário, se sou hoje o que sou é graças a elas e estou aqui para honrá-las na minha liberdade de expressão e nas realizações pessoais e também profissionais. E sinceramente não são nem os títulos, nem certificados e status que me movem. Isso chega a me enjoar, pois além de supérfulo, carente de alma, subscreve uma lógica patriarcal onde hierarquias e subjugações engessam o conhecimento para servir um capitalismo selvagem que está falido, mas que ainda está aí.
Quando eu tinha uns dez anos, certa vez tive uma intoxicação alimentar com um crepe que comi num restaurante chinês. Até hoje lembro-me daquela madrugada em branco agarrada à barriga com o cheiro e o gosto do óleo do dito presente na minha memória. Durante anos não consegui comer comida chinesa. Só o cheiro já me dava náuseas. Nessa mesma época um garçon numa brincadeira provocativa grita assim para o balcão após o meu pedido dum " cueca cuela bem frescola: " Sai uma lexivia / água sanitária para esta mesa!" Por sugestão ou não, não é que aquela beberage de composição duvidosa da terra do Mickey sabia a água sanitária?!?!?! Nunca tinha bebido esse detergente, mas o olfacto estã ligado ao paladar. ANOS SEM BEBER O REFRIGERANTE MAIS POP DO MUNDO!!!!
Assim se passou com a universidade. Principalmente na minha passagem pelo mestrado, que "por acaso" foi no Brasil numa universidade estadual, logo pública, considerada referência pelo menos na América Latina. Também no resto do mundo, mas fiquemos-nos pela América cá de baixo pois o nariz da Unicamp já é empinado mais que demais, que olhando de perto, percebemos os meandros da farsoliçe. Isto é, da farsa. Obviamente existem pessoas sérias, comprometidas com o uso dos dinheiros públicos, mas começando pelos múltiplos exemplos de relação entre orientadores e orientandos onde o abandono negligente dos orientadores é efetivo, assim como a competição entre alunos é o equivalente a um crepe oleoso embebido em cueca cuela. A pessoa pode levar anos a limpar o estômago, principalmente quando a narrativa de separar o erudito do popular, assim como nem todos são capazes de dar conta de tanto conhecimento porque é só para os iluminados.... Enfim.
Sendo a minha trajetória de formação primeira e profissional nas artes cénicas quando chego à gavetinha da Antropologia no Instituto das Humanas tomei um SUSTO! UM VERDADEIRO SUSTO! Tanto preconceito que arrepiava os pelinhos mais pequeninos dos braços! Algumas ingenuidades cairam por terra. Por exemplo, deparei-me com feministas dondocas, cujas preocupações, além de retóricas, ficam restritas ao seu condomínio fechado de faxineiras, babás, motoristas e jardineiros. Também me deparei com esquerdo machos. Ufa! Desses é preciso estarmos muito atentos! Sinaliza-los. Ao primeiro brilho da mulher já fazem suposições rasteiras sobre a sua conduta. Também conheci eruditos (?...) que achavam que não tinham dever nenhum para com a sociedade que estudavam e que principalmente financiavam a instituição com a contribuição dos seus impostos. Em suma, além da frequência ser totalmente gratuita, o que não acontece em muitos países, existem bolsas, o que também não acontece em muitos países. Porém, o acesso à universidade não é, dum modo geral, para o povão. E o povão já encara desde sempre todas as faltas de oportunidade que hoje uma classe, ou umas classes, mais favorecidas estão sendo postas contra a parede diante das medidas mediocres dum governate que muitos votaram. Agora encarem as consequências e não percam a oportunidade de reverem toda a sua conduta e olhar sobre o mundo e sobre o outro.
Princiaplmente nas Humanas e nas Artes que encontrei tanta vaidade e insenbilidade de pessoas que menos esperava. Mas, nós não somos um comportamento e sim somos seres com a devida plasticidade para modificar os nosssos comportamentos com sabedoria. Que é isso que o meio académico carece: de sabedoria, Por isso tanta gente adoece e muitas até colocam termo na sua vida de tão exauridas com um objetivo de alcançar metas que no final das contas não traz nem beneficios para elas nem para todos. Quanto ao Coiso é só mais um reflexo da falta de reflexão de quem o defende, defendeu ou está contra ele. Baixarmos todos a bola e darmos o nosso melhor de coração é muito mais proveitoso que vestir um camisolão de pura lã encolhido numa lavagem a a alta temperatura e ainda calçarmos umas botas ortopédicas em duas pernas engessadas inutilmente para fazer conjunto com dois braços saudáveis igualmente engessados. É assim que muitas vezes o conhecimento académico é produzido.Por vezes nem conhecimento nenhum é produzido e sim reproduzido para agradra e subscreve para conseguir um emprego, um lugar ao sol de luminosidade opaca. E aí eu pergunto: não estará na hora de sermos todos mais gente de verdade e deixar os egos de lado?
A Piu
Brasil, 10/05/2019
Hã uns bons anos atrás