Na praia tentava esticar as pernas e o pescoço ao máximo para conseguir avistar os animais da savana africana, como o pai lhe sugeria quando perguntava o que estava para lá do lá do lá, muito depois da última onda da rebentação. Nunca viu nenhuma girafa, tampouco um elefante nessas tentativas em vão.
Um dia, muitos anos mais tarde, subiu até ao Atlas. Maquinhos brincavam no topo das árvores cobertas de neve. Cá em baixo o deserto.
" Para quê casarem se se descasam logo a seguir?", indagava a avó finalizando com um ahhh entre a reprovação e a resignação. E a menina fez caso a essa pergunta e quase quase respondia, se é que não respondeu: " Ventos de mudança, minha vóvuska! "
Maria da Luz, do alto do Atlas comprometeu-se a fazer essa travessia pelo deserto para se casar consigo mesma. " Vóvuska! Como podemos estar com alguém, independentemente dos casórios que se inventaram sabe-se lá porquê, se não estamos primeiro com nós mesmas?" E assim foi e assim é. Maria da Luz viajam dias e noites, meses nos anos a fio em objetos voadores um tanto ou quanto identificados pelos mais atentos. Porque isso do amor e do amor próprio é preciso estar muito atento com asas de plenitude! Voar são para os que têm fôlego para se tornarem leves.
E assim Maria tornou-se Maria da Luz, viajando à velocidade das batidas dum coração vigoroso. Assim foi, assim é e assim será sempre no aqui agora.
A Piu
Bolhão Geralden's
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foto: mínima cena 2018 ( créditos: Luis Hozmi ) Centro Cultural Sesiminas Uberaba. |
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