segunda-feira, 31 de julho de 2017

HISTÓRIA DE ARTE, ANTROPOLOGIA E AUTO CONHECIMENTO


Quando os índios das pradarias da América do Norte viram, pela primeira vez, um pintor branco a trabalhar ficaram confusos. Catlin tinha retratado um deles de perfil; um outro índio, que não simpatizava com o modelo gritou que o quadro provava que aquele era apenas metade de homem. Segui-se uma desordem mortal.
Claude Lévi- Strauss, Olhar; Ouvir; Ler. Porto, Edições Asa, 1995, pp.26
A historieta saborosa que escolhi para epígrafe desta apresentação institucional da exposição OS Índios, Nós representa a espécie de jogo do "toca e foge" que, historicamente representa o encontro cultural da alteridade. "Os outros" (...) foram (...) fundamentalmente, um repto para o auto conhecimento, não por via ontológica, mas culturalista. E, sendo historiadora de arte, não posso deixar de evocar a fecundidade que esses encontros tiveram no arranque e na contemporaneidade, confirmando que os artistas vêem, antes e mais certamente, transformando-se no que vêem.
(...) a antropologia confirma-se como área fractal para pensar e defender a diferença, recusando ser o lugar folclorizado ou reserva visitável das memórias mortas.
Raquel Henriques da Silva
Directora do instituto Português de Museus
in: OS ÍNDIOS, NÓS, Museu Nacional de Etnologia, Lisboa, 2000


Foto de Ana Piu.

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