segunda-feira, 31 de julho de 2017

A CRISE É CIVILIZATÓRIA


Há uns dias atrás escutei/ ouvi um clichê, duma menor que está sob a minha responsabilidade: " Na Europa há mais cultura." Eu entendo o que ela quer dizer, mas é um clichê e temos que ter consciência que não podemos reproduzir. Agora pergunto: e a cultura, a sabedoria indígena ancestral assim como a dos afro descendentes? Só por que foi silenciada e os seus monumentos destruídos não existe? Pois é... Em Portugal, a história "gloriosa" dos reizinhos, castelitos, batalhas e conquistas está embutida nas pedras, nos azulejos e monumentos. Vinda do Brasil, embora tenha vivido quase toda a minha vida inteirinha, envolta nessa monumentagem toda, não deixo de me surpreender. O discurso está lá, mesmo que não se verbalize abertamente nos dias que escorrem. Posso ser sincera? É deprimente... Embora, esteticamente belo. Porém, os turistas fotografam essas feituras, em que tempo nenhum aparece a representação dum índio e/ou negro escravo, tampouco as mulheres queimadas na fogueira. Granda pinta de memorial histórico!... Um orgulho do tamanho dum pastel de nada.
É frequente escutar também esta formusura: " Ah! Isto até está escrito e/ou falado em português correto!" Ía man! Da minha parte posso adiantar que sou uma Roberta Leal e que quando estudei em França cheguei a sonhar em francês. Chiça! O que é que isso quer dizer? Que só o que a nossa vista alcança no meio de tanta sombra e nevoeiro é que é correto? Pergunto. Perguntar não ofende.
Como escutei de um pajé do povo Huni Kuin: a Verdade ( a essência da vida) habita nas pedras. Na força das pedras milenares. Podemos mentir para alguém que passa na esquina. Podemos mentir para nós mesmos. Mas a Verdade ( consciência suprema) está lá vinda do núcleo central da terra.
A Piu
Brasil, 29/07/2017

Sem comentários:

Enviar um comentário