segunda-feira, 31 de julho de 2017

SETEMBRO EM BOLHÃO GERALDO COM OFICINA - HAMAR O UMOR


"Estamos mais perto do EU superior com uma boa risada de si mesmo do que ao meditar sisudamente".

CONTEÚDO: Rir de nós mesmos e olhar de frente as nossas sombras, vulnerabilidades e o ridículo de nos levarmos demasiado a sério é um exercício de auto conhecimento. Se rir é uma consagração à vida, o estado do palhaço é um estado semi meditativo. em que doses de loucura podem atingir níveis de transcendência nunca antes testemunhado no espaço e cosmos envolvente.

QUANDO: 09 e 10/09, das 14h às 19h30. 

VALOR: R$180,00 (inscrições até dia 20 de agosto: R$ 150,00).

ONDE: ROSAMARELA - Formação e Transformação Pessoal. R. Visconde do Rio Claro, 308, Cid. Universitária - Campinas/SP.

CONTATO: 19 999511 0919 - Ana Piu 
teatrobalbinasneduinas@gmail.com

Foto de Rosamarela - Formação e Transformação Pessoal.

MERGULHOS COM ALMA




mergulhar no coração da terra
era como mergulhar num sentimento maior
não havia razões para temer
não havia razões para desconfiar
mesmo que a água parecesse fria
quando se mergulha logo o corpo se habitua e a alma rejuvenesce
mergulhar no núcleo central da terra
é como abraçar todos os seres que pulsam, que respiram
não há razões para temer
um longo suspiro que deixa os pulmões mais plenos de ar límpido
aquecendo o coração
aconchegando, entrelaçando as mãos e os pés
na confiança que tudo está bem quando mergulhamos no coração da terra
sentido o vento que baila entre o cabelo repleto de sonhos por realizar
Amor, sentimento maior incondicional por tudo o que é vivo e com alma
as pedras têm alma, guardando histórias que nos fazem saber quem nós somos, de onde viemos
espíritos voláteis
mergulhar no sentimento maior
é permitirmos-nos a estar de bem com a vida
sem mágoa
com alegria pelo (re) encontro com sentimento maior
A Piu
Br, 30/06/2017

Foto de Photographize.

Anita na casa do Alentejo com um chapéu à António Aleixo e o seu livro na bolsa.


" A começar pelo "urso"
de Coimbra, a estudantada,
só quando se acaba o curso, 
sabe que não sabe nada."
(...)
Hoje os chapéus das senhoras,
cheios de aselhas e véus,
são capachos, são vassouras,
são tudo menos chapéus."
in Aleixo, António "Este livro que vos deixo "

Foto de Ana Piu.

COOL! MY STYLE IS COOL!


Em estilo anos 80, a mulher olha. Observa. Vê. Tenta perceber o que se deu no seu país natal. O que tem acontecido nesse folclore neo liberal. No commments, por hora. Estamos felizes por estar aqui. For the moment, for the instances ça ra va. É isso. Keep cool, baby. If you don't worry about the things, every little things gonna be all right. yeahhhh 
bizus mon ragazzos 
sejamos do mundo  
Piu
Lisabonne, 10/07/2017

Foto de Ana Piu.

PALAVRAS DE VIAGENS PARA VIAJANTES VIAJEIROS


Eu vou e volto
olho e reviro
mansamente, o amor é como tiro
tiro
coloco
sou a louca que reviro
não mexa na dor!!
que nela tem amor!!
se passa por cima
virou a mesa!!!
antes de Ana Piu, sou Ana Teresa
a Natureza
visceral, aprendendo a cordialidade, no fundo do fundo do mar da essência que dispensa a aparência
entre o mar e outro mar
há o fogo e há o ar
A Piu
EU ropeh, 06/07/2017

HISTÓRIA DE ARTE, ANTROPOLOGIA E AUTO CONHECIMENTO


Quando os índios das pradarias da América do Norte viram, pela primeira vez, um pintor branco a trabalhar ficaram confusos. Catlin tinha retratado um deles de perfil; um outro índio, que não simpatizava com o modelo gritou que o quadro provava que aquele era apenas metade de homem. Segui-se uma desordem mortal.
Claude Lévi- Strauss, Olhar; Ouvir; Ler. Porto, Edições Asa, 1995, pp.26
A historieta saborosa que escolhi para epígrafe desta apresentação institucional da exposição OS Índios, Nós representa a espécie de jogo do "toca e foge" que, historicamente representa o encontro cultural da alteridade. "Os outros" (...) foram (...) fundamentalmente, um repto para o auto conhecimento, não por via ontológica, mas culturalista. E, sendo historiadora de arte, não posso deixar de evocar a fecundidade que esses encontros tiveram no arranque e na contemporaneidade, confirmando que os artistas vêem, antes e mais certamente, transformando-se no que vêem.
(...) a antropologia confirma-se como área fractal para pensar e defender a diferença, recusando ser o lugar folclorizado ou reserva visitável das memórias mortas.
Raquel Henriques da Silva
Directora do instituto Português de Museus
in: OS ÍNDIOS, NÓS, Museu Nacional de Etnologia, Lisboa, 2000


Foto de Ana Piu.

MÉTRICAS, ESTÉTICAS E ÉTICAS


Pintas esse rosto lindo,
Tapas a cara que é tua,
E estás em casa ou na rua,
Mesmo calada, mentindo
in: Aleixo, António " Este livro que vos deixo"
Aqui deixo estes lindos versos
Para o caso de falhar no versejar
Viver é meu destino
Entre um olhar graúdo e outro menino
Se pensais que faço parte dum harém
Estais enganado, e quem o achar também
Digo e falo: faço parte das bruxas que queimaram
E que das cinzas ressuscitaram
Azul é a minha cor
E pelo mar sinto amor
O caminhar me apazigua
Não sou recatada do lar, sou da rua
Se dum abraço feminino noutro feminino dou
É pura solidariedade
Qualquer pisadela
Já magoou
E vou
voooooooooo
Chama-lhe ego, chama-lhe ciúme
A ética não tem nome
Muito menos sobrenome
É como peixe que voa entre o fogo, no meio do cardume
Ana Piu
Pt, 14/07/2017


Foto de Ana Piu.

TER UM SORRISO ALVO É UM ÇA RA VA- Uma resposta diplomática é como um sorriso amarelo.




Há uns dias atrás a dentição deu de si. Faz parte. O Império também não deu? Fui ao dentista, que logo perguntou se era verdade que os brasileiros continuavam com a ideia que "nós" tínhamos roubado o ouro, sendo que " eles" não davam valor ao ouro e "nós" "só" lhes demos o seu devido curso... Ai que preguiça ter de explicar diplomaticamente que os brasileiros branqueados são equivocados em relação ao uso e abuso das terras, suas riquezas com a escravatura e genocídio dos povos nativos. Só pergunto: o que é que esse gajo, que é dentista, aprendeu na escola. Grande treta. Aqui vai uma resposta para ele e para aqueles que se fazem de monguinhas quando convém ou por pura ignorância: Uma resposta diplomática é como um sorriso amarelo.
O MUNDO ESTÁ CALADO E CHOVE
De repente, de um só golpe, acabam-se os gritos e os tambores. Homens e deuses foram derrotados. Mortos os deuses, morreu o tempo. Mortos os homens, a cidade morreu. Morreu em sua lei esta cidade de guerra (…)
Reina um silêncio que atordoa. E chove. O céu relampagueia e trovoa durante toda a noite. Chove.
Se empilha OURO em grandes cestas. OURO dos escudos e das insígnias de guerra, OURO das máscaras dos deuses, penduricalhos de lábios e orelhas. Pesa-se OURO e cotizam-se os prisoneiros. (…) enquanto o mundo está calado e chove.
Galeano, Eduardo “ Memória do fogo, Os Nascimentos”, LPM ed. São Paulo 1996.
Portugal, 14/07/2017

AS MULHERES DE PRATT


" Nunca fui fascinado por uma mulher por razões sociais. Gosto das mulheres de todas as condições sociais, de todas as idades, de todas as cores de pele. Dei-me com todo o tipo de mulheres, mas nunca fui particularmente atraído pelo exotismo, esse racismo às avessas (...) De entre a europeias, as francesas (...) bastante contestatárias, pós sessenta-e-oito que falavam, falavam, falavam (...) sejam quais forem, são sempre sensíveis à ternura."
Pratt, Hugo " O desejo de ser inútil, memórias e reflexões" entrevista com Dominique Petifaux

Foto de Ana Piu.
Foto de Ana Piu.
Foto de Ana Piu.


COISAS CONCRETAS QUE RESTAM PARA O PRATT


" Passeio-me na Grand- Place, saboreando de passagem as grandes cervejas belgas. Infelizmente, como no Quartier Latin em Paris (...) O turismo de massas desfigurou e afecta a identidade do lugar. O turismo de massas desfigurou tudo, e os lugares históricos já não são autênticos mas recordações de algumas pessoas idosas ou no esforço de certos escritores, cineastas... ou autores de banda desenhada. "
Pratt, Hugo " O desejo de ser inútil, memórias e reflexões" entrevista com Dominique Petifaux


Foto de Ana Piu.

TODOS OS CAMINHOS VÃO DAR A ROMA?


Se penso que Polima é Europa isso dá-me graça. É como se a Europa fosse aquele lugar idealizado onde tudo ou quase tudo pode ser exemplo de desenvolvimento e prosperidade. Polima ainda tem ovelhas, burros e vacas que pastam perto duma fonte romana. Não há muita ou nenhuma vida humana na rua. Tem uma estrada romana, onde corria um rio ( ainda existirá esse fluxo de água?) que hoje ao tentar refazer esse caminho, outrora feito de bicicleta, estava cercado por um muro. Porém, a paisagem mantém-se. Seca, salpicada de árvores. Um tanto triste. Inóspita. Mas nesses passeios solitários em criança e adolescente, como se duma peregrinação perto de casa se tratasse, eu imaginava batalhões de cavaleiros romanos surgindo no meio das árvores com os seus cavalos a derraparem nas pedras das montanhas. Alguém viveria nesses lugares para se esconderem ou enfrentarem os romanos? Na história não consta a presença de romanas nessas emboscadas. Como seriam elas? Destemidas? Mulheres sagradas, submissas ou mulheres igualmente sedentas de poder?
Essa paisagem ainda se mantém, como se dum oásis se tratasse, entre construções de cimento ao fundo. Hoje revivi uma memória de infância, com um chapéu igual ao do meu bisavó só que castanho/ marrom, num lugar tão perto da capital que ainda resiste aos ventos de mudança. As mudanças são importantes? Mas quais delas?
A Piu
19/07/2017

Foto de Ana Piu.



NAVEGAR É PRECISO, ENRAIZAR É SABER VOAR ( A PIU)


" O tempo, neste caso, não é uma medida. Um ano não conta, dez anos não são nada. Ser artista énão contar, é crescer. Como uma árvore que não apressa a sua seiva, que resiste, confiante, aos grandes ventos da Primavera, sem temer que o Verão possa não vir. Mas só para aqueles que sabem esperar, tão calmos como se tivessem na frente a eternidade (...) a paciência é tudo."
Rilke, Rainr M. " As cartas a um poeta"
Foto: travessia do Tejo, de Belém para a Trafaria

Foto de Ana Piu.

UMA QUASE TURISTA NA SUA CIDADE- diário de bordo


Dentro da mala de rodinhas entra um teatro de miniatura. Mostro a alguns amigos. Desço a rua de Santa Marta, paralela à
 Avenida da Liberdade. A leitaria/ manteigaria " A Minhota" é uma reminiscência na Lisboa revitalizada e promovida. Desço até ao Martim Moniz onde está o Tym, meu amigo polaco/ polonês de alguma data no viver em Lisboa. Conversamos em inglês. Diz-me que eu sou a memória da Lisboa que ele conheceu antes deste boom turístico que descaracteriza a cidade. Antes de lhe mostrar o meu teatrinho, que tem a ver com essa transformação urbana e social, traz umas cervejas chinesas. Agora sim, sou um very international cosmopolite na Lisabonne.
É a minha vez de sair da mesa. quando volto o Tym apresenta-me para um casal de ingleses que se sentou ao lado. " She comes from Brasil". Em inglês, de rompante, digo com um sorriso no rosto: " Não, eu não sou brasileira. Eu vivo no Brasil. Emigrei para dar lugar aos turistas." Pelo que eu conheço dos ingleses, o humor cínico e sarcástico faz parte da sua identidade. Assim seja. Dancemos e brindemos no mundo, pois somos do mundo sem apegos de maior, mas sem nunca esquecer quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
Ana Piu
22/07/2017

Foto de Ana Piu.

Foto de Ana Piu.

SOMBRAS DE DESEJOS LIQUIDOS E AlGUNS EQUIVOCOS ACERCA DO AMOR ( A Piu)


" O seu mundo de amor não está ainda bastante amadurecido, bastante purificado, bastante humano; é apenas instinto másculo, cio, embriaguez, inquietação, e está ainda cheio dessa afectação e desses preconceitos que desfiguram o amor. E porque apenas sente o amor como macho e não como Homem."
Rilke, Rainer Maria " As cartas a um poeta"

AS COISAS QUE SE OUVEM NA "MINHA " QUERIDA LISBOA DE SEMPRE


" Serve agora uma imperial( chope) que a ' dotora' Laurinda está com pressa."
Resumindo e concluindo, os " dotores" e senhores engenheiros de bairro, que fazem furor na sua rua, continuam aí de pedra e cal numa Lisboa consumível com pressa ou com um vagar a modos que turístico. São por assim dizer figuras castiças que fazem parte do tecido urbano provinciano da cidade. 
A Piu

O CACHORRO DA NOVA ERA


Até teretété meu Portugalito luminoso com bués da vento e 'friage' mesmo no Verão,onde se come bem e bebe-se melhor. Por falar em comer! Deixo aqui esta foto do cachorrão dos meus sobrinhitos! Ah pois! Sou tiaaaa. Tá a ver?  Talvez o Nero não seja vegano, Mas que come ' cinoiras'... Inteirinhas! Ah pois come! Sem hesitações! Nero, o imperador do novo paradigma da sustentabilidade. Saltitão até mais na, que a pessoa tem obrigatoriamente de estar zen. Ou pelo menos tentar.
A Piu

Foto de Ana Piu.

MEMÓRIAS AFECTIVAS



Esta foto fiz ontem como uma síntese da minha passagem pela minha terra Natal. Não fiz compras de souvenirs, mas trouxe na mala alguns recuerdos de memórias afetivas.
Ratinha- bonequinha que trouxe da Holanda num dois Verões em que lá estudei. 1993 ou 1994. Além de ter uma figura deliciosa, tem os braços prontos a abraçar.
Caixinha da boneca Mariquita Perez- oferta duns amigos espanhóis entre 2004 e 2005.
Carrinho- origem desconhecida. Acho que foi o meu tio que me deu, como um daqueles brindes duma qualquer publicidade. Assim despenhado representa um amigo, desde os nossos 18 / 19 anos, muito querido que faz um trabalho artesanal muito bonito, mas um xonas... De vez em quando entra numas viagens quase sem retorno. Mas fico muito feliz de estar vivo e a produzir. Se leres este poste, xonas, vai o recado: Passei na oficina. Queria gritar-te cá de fora: " Carlitos! Carlitos! Olhó o pica! " Mas tu já não estavas depois de eu passar ao largo, perceber o movimento escutar a minha intuição. Essa sábia magana. Mas os folhetos ao lado são dedicados a ti. O do museu de Lisboa, onde estão as peças do Bordalo Pinheiro. E o da indiana que inspira conexão interior que é isso que desejo para nós todos. Quem é vivo sempre aparece! E sempre pode endireitar o carro.  
A Piu

Foto de Ana Piu.

CULTIVAR AMIGOS


De passagem por Portugal, fiquei e fico profundamente feliz de encontrar alguns bons amigos cuja empatia e cumplicidade se mantém. Amizade essa que nuns casos atravessa uma década, duas e até três, quase quatro. Entrar na casa dos 40 é uma celebração. Podemos olhar com tranquilidade o que já construímos e o que ainda podemos construir.
Penso nas amizades de coração que tenho vindo a construir nestes 5 anos que vivo no Brasil. Não falo daquelas amizades de ocasião para ficar bem na foto por conveniência, em que o reconhecimento e gratidão é manco. Ufa... dessas necessito de distância, até. Falo de amizades profundas, para o que der e vier. E conclui que tenho algumas. E bastante preciosas. Gratidão a todos. Gosto muito de animais de estimação. Amo. Tenho vários. Mas não dão opinião nem desafiam da mesma maneira como os amigos.

A Piu

Foto de Manu Jasmim Vergamini.

A CRISE É CIVILIZATÓRIA


Há uns dias atrás escutei/ ouvi um clichê, duma menor que está sob a minha responsabilidade: " Na Europa há mais cultura." Eu entendo o que ela quer dizer, mas é um clichê e temos que ter consciência que não podemos reproduzir. Agora pergunto: e a cultura, a sabedoria indígena ancestral assim como a dos afro descendentes? Só por que foi silenciada e os seus monumentos destruídos não existe? Pois é... Em Portugal, a história "gloriosa" dos reizinhos, castelitos, batalhas e conquistas está embutida nas pedras, nos azulejos e monumentos. Vinda do Brasil, embora tenha vivido quase toda a minha vida inteirinha, envolta nessa monumentagem toda, não deixo de me surpreender. O discurso está lá, mesmo que não se verbalize abertamente nos dias que escorrem. Posso ser sincera? É deprimente... Embora, esteticamente belo. Porém, os turistas fotografam essas feituras, em que tempo nenhum aparece a representação dum índio e/ou negro escravo, tampouco as mulheres queimadas na fogueira. Granda pinta de memorial histórico!... Um orgulho do tamanho dum pastel de nada.
É frequente escutar também esta formusura: " Ah! Isto até está escrito e/ou falado em português correto!" Ía man! Da minha parte posso adiantar que sou uma Roberta Leal e que quando estudei em França cheguei a sonhar em francês. Chiça! O que é que isso quer dizer? Que só o que a nossa vista alcança no meio de tanta sombra e nevoeiro é que é correto? Pergunto. Perguntar não ofende.
Como escutei de um pajé do povo Huni Kuin: a Verdade ( a essência da vida) habita nas pedras. Na força das pedras milenares. Podemos mentir para alguém que passa na esquina. Podemos mentir para nós mesmos. Mas a Verdade ( consciência suprema) está lá vinda do núcleo central da terra.
A Piu
Brasil, 29/07/2017

NASCIDAS PARA O PRAZER - corpo, espírito, sexualidade e emancipação


Nos meus tempos de escola, daquela que assiste a todos ou deveria assistir, sempre que entrava um professor ou um outro adulto na sala nós levantávamos-nos. E só nos sentávamos-nos com a autorização do professor. Isto num período que procedeu a longa noite que cobria a democracia e liberdade. A emancipação, com as suas aprendizagens estava lá e está em curso no "meu" Portugal cosmopolita provinciano.
Hoje e cada vez mais considero que essa atenção e respeito pelo professor e restantes adultos é urgente. É um dever cívico e libertário passarmos esses valores à gerações seguintes nesta baderna que se tem instalado ao ponto de nós profissionais, seja de qual área for, perdermos a motivação de dar aulas a petizes que confundem igualdade com desrespeito. Achando que podem fazer e dizer tudo o que lhes apetece para o adulto, porque o papá e mamã e ainda vão lá à escola defendê-los.
Se eu me cruzar um destes dias com esta senhora Mireia na rua, levantar-me-ei e lhe direi no meu espanhuelo aprendido a assistir ao " Verano Azul" que ela tocou e aprofundou questões que tenho vindo a reflectir há um bom tempo.

Nascidas para o prazer. Pois é... E o que é isso de ter prazer. Principalmente nós, mulheres? Talvez pareça simples ou até complexo. Vale a pena escutar esta entrevista na integra. Uma, duas, várias vezes. Mas sinteticamente, a Mireia sinaliza dois tipos de conduta que nos afastam do prazer pleno: a mulher que só está preocupada com a aparência e a sua parte física; e a mulher que é muito no racional. Ambas não relaxam e não se permitem sentir na plenitude. São imitações de si próprias. Isto também se aplica, claro, aos homens. Mas agora falemos de nós, mulheres. Aliás da energia feminina dentro e fora duma lógica patriarcal. Relembrando que na lógica patriarcal o homem que é o centro das atenções e projeta no outro ou na outra os seus medos de envolvência, alegando que não pode corresponder às expectativas. Só pergunto: a expectativas não estarão na sua cabeça?
Não será puro ego esse achar que é irresistível, plausível de construtos expectantes pela mulher ou homem que olha e até se interessa um pouco por esse ser que logo desmotiva com tal postura?  Normalmente essa atitude é fruto daquele pensamento que é só seu: " Ai! Até me interessou, mas não tem sex a pila suficiente ou vai grudar no meu pé! "
Convém lembrar que pila na minha terra é nome dado ao falo duma forma pueril.  Sim, porque quem cultiva o sex a pila de forma exacerbada é de certa forma um pilihas. ihihih
O que é engraçado é observar as subtilezas da conduta de alguns homens em cima de estereótipos da mulher brasileira e da mulher que passou a viver no Brasil. Não nego,no entanto, que muitas mulheres reproduzem esses mesmos estereótipos. Porém devem estar à espera que sejamos todas muito dadas, oferecidas em toda e qualquer circunstância. Enfim... Tanto a pressa como a lentidão pode-nos levar para curvas apertadas que a sequência é despencar. Pode acontecer a tod@s nós em toda e qualquer circunstância. A vida 'tá aí.
Na minha humilde opinião, na escola deveríamos desde lá de cedo a ter entre as mãos pensadoras como esta Mireia e como a Pinkola, autora de " Mulheres que correm com os lobos". Talvez fique mais claro e mais leve o modo como nos levantamos, sentamos e deitamos com igualitarismo respeitoso.
A Piu
31/07/2017





https://youtu.be/RhJr86AZWEI

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Teatro Balbinas Beduinas em boa companhia com a Companhia Maribondo. Cool! Muchas dankas, very gratidones! Até jazz! 
Portugal ou porto calle 17/07/2017

Foto de Ana Piu.

Foto de Ana Piu.

Foto de Ana Piu.

TEATRO AQUI E EM TODO O LADO

Selecionado para o 5to Festival de Teatro Lambe Lambe em Valparaíso, Chile em 2018, "Uma vista sobre o largo" conta a história de Irene que assiste da sua janela à mudança do largo da sua cidade, onde vive a sua vida inteirinha.
Teatro Balbinas Beduinas apresenta " Uma vista sobre o largo":
Concepção artística, roteiro, manipulação: Ana Piu
Construção da cabeças dos bonecos: Denise Valarini
Construção de adereços: Ana Piu
Marcenaria: Christian Mathias



sexta-feira, 14 de julho de 2017

MÉTRICAS, ESTÉTICAS E ÉTICAS




Pintas esse rosto lindo,
Tapas a cara que é tua,
E estás em casa ou na rua,
Mesmo calada, mentindo
in: Aleixo, António " Este livro que vos deixo"
Aqui deixo estes lindos versos
Para o caso de falhar no versejar
Viver é meu destino
Entre um olhar graúdo e outro menino
Se pensais que faço parte dum harém
Estais enganado, e quem o achar também
Digo e falo: faço parte das bruxas que queimaram
E que das cinzas ressuscitaram
Azul é a minha cor
E pelo mar sinto amor
O caminhar me apazigua
Não sou recatada do lar, sou da rua
Se dum abraço feminino noutro feminino dou
É pura solidariedade
Qualquer pisadela
Já magoou
E vou
voooooooooo
Chama-lhe ego, chama-lhe ciúme
A ética não tem nome
Muito menos sobrenome
É como peixe que voa entre o fogo, no meio do cardume
Ana Piu
Pt, 14/07/2017
Foto de Ana Piu.

TER UM SORRISO ALVO É UM ÇA RA VA- Uma resposta diplomática é como um sorriso amarelo.


Há uns dias atrás a dentição deu de si. Faz parte. O Império também não deu? Fui ao dentista, que logo perguntou se era verdade que os brasileiros continuavam com a ideia que "nós" tínhamos roubado o ouro, sendo que " eles" não davam valor ao ouro e "nós" "só" lhes demos o seu devido curso... Ai que preguiça ter de explicar diplomaticamente que os brasileiros branqueados são equivocados em relação ao uso e abuso das terras, suas riquezas com a escravatura e genocídio dos povos nativos. Só pergunto: o que é que esse gajo, que é dentista, aprendeu na escola. Grande treta. Aqui vai uma resposta para ele e para aqueles que se fazem de monguinhas quando convém ou por pura ignorância: Uma resposta diplomática é como um sorriso amarelo.
O MUNDO ESTÁ CALADO E CHOVE
De repente, de um só golpe, acabam-se os gritos e os tambores. Homens e deuses foram derrotados. Mortos os deuses, morreu o tempo. Mortos os homens, a cidade morreu. Morreu em sua lei esta cidade de guerra (…)
Reina um silêncio que atordoa. E chove. O céu relampagueia e trovoa durante toda a noite. Chove.
Se empilha OURO em grandes cestas. OURO dos escudos e das insígnias de guerra, OURO das máscaras dos deuses, penduricalhos de lábios e orelhas. Pesa-se OURO e cotizam-se os prisoneiros. (…) enquanto o mundo está calado e chove.
Galeano, Eduardo “ Memória do fogo, Os Nascimentos”, LPM ed. São Paulo 1996.
Portugal, 14/07/2017


MÉTRICAS, ESTÉTICAS E ÉTICAS


Pintas esse rosto lindo,
Tapas a cara que é tua,
E estás em casa ou na rua,
Mesmo calada, mentindo
in: Aleixo, António " Este livro que vos deixo"
Aqui deixo estes lindos versos
Para o caso de falhar no versejar
Viver é meu destino
Entre um olhar graúdo e outro menino
Se pensais que faço parte dum harém
Estais enganado, e quem o achar também
Digo e falo: faço parte das bruxas que queimaram
E que das cinzas ressuscitaram
Azul é a minha cor
E pelo mar sinto amor
O caminhar me apazigua
Não sou recatada do lar, sou da rua
Se dum abraço feminino noutro feminino dou
É pura solidariedade
Qualquer pisadela
Já magoou
E vou
voooooooooo
Chama-lhe ego, chama-lhe ciúme
A ética não tem nome
Muito menos sobrenome
É como peixe que voa entre o fogo, no meio do cardume
Ana Piu
Pt, 14/07/2017

Foto de Ana Piu.

foto: Christian Mathias