Há precisamente 20 anos atrás, em 1995, o meu pé caía na estrada
por esses cafundós de palcos não reconhecidos, reconhecidos, renomeados e
sem nome. Rua, palcos nacionais, hospitais, presídios, festivais de rua
europeus, cafundós e periferias brasileiras. Uns anos antes, lá por
1990, as teatrices já tinham começado. Tanto a nível amador como de
formação profissional. Naquele ano de 1995 lá estava eu no Alentejo dos
meus avós
, onde a memória dos
saltimbancos remontava aos anos 40 e 50. "Levar o teatro onde o povo
está", pensava eu de coração. No ano seguinte rumava para Paris, num tal
de ano de 1996, ainda o Lecoq era vivo, com uma bolsa da Fundação
Gulbenkian ( que honra! e privilégio verdadeiro!) para uma tal de École
do Lecoq. A tal. A REFERÊNCIA MUNDIAL.
Hoje, no ano da graça do senhor de 2015 só posso sublinhar que é
engraçado quando alguém vem achar que esta arte é muito fácil e que
também a pode executar num estalinho de dedos, assim também como acho
muito engraçado e fofinho quem acabou de se "formar" (sim porque a
formação é uma vida inteira) criticar com olhar jornalistico aqueles que
resistem na sua arte muita vezes sem um tostão para montar os seus
trabalhos, mas que não ficam nem à espera de Godot, nem dos editais nem
da aprovação do main stream.
Ana Piu Pt, 23.10.2015
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