Sempre que tocava o acordeão os seus olhos fechavam-se.
Sentado, tocava melodias dos dias passados e vividos.
Gostava de tocar em especial uma cujo titulo era: "Rosa murcha numa redoma".
Com o passar do tempo o seu cabelo caíra e tomara a forma de penas.
Experimentou deixar de tocar essa melodia.
Agora tocava uma que começava lentamente para num crescendo as notas do acordeão levantarem voo. "Rosa vermelha em cabelos ao vento". Assim se chamava a melodia.
O seu cabelo voltara a crescer e das penas em que se transformara o anterior surgiram longas asas.
Hoje, quem estiver mais atento, pode perceber entre copas de árvores e cumes de montanha e mesmo em alto mar, um homem voando de olhos fechados, tocando o seu acordeão.
pipiripipiu
pt, 30.07.2014
imagem: on street Art and Public space in Buenos Aires
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