quinta-feira, 12 de novembro de 2020

DE BEM OU DO BEM?

 

Existem os homens de bem e os homens do bem. Assim como as mulheres e outros gêneros assumidos ou em vias de se assumirem. Mas por ora e agora, neste momento presente que é um presente, reflitamos em quem está presente e quem está ausente, porque já partiu. Talvez todas as certezas são relativas, pois dependem de pontos de vista, mas A CERTEZA é que um dia partimos. Desencarnamos. Uns com a certeza que a vida é só uma porque não tem em mãos o documento assinado em cartório por deus, outros juram a pés juntos que a morte não existe, o que existe é encarnação e desencarnação. Podem não ter nenhum documento assinado, mas também não é por não ser visível a olho nu e cru que deixarão de acreditar. Enfim, partimos. Uns duma forma mais tranquila, porque o ciclo chegou ao fim, outros nem tanto... Outros até fatalmente. E porquê fatalmente? Porque foram alvo de miséria, fome, sede, doença, acidente ou de conflitos armados. Nos conflitos armados o feminicídio está no combo.
Os homens de bem são homens que acreditam na moral e nos bons costumes. Muitos têm família e educam as suas honradas esposas e suas respectivas filhas a serem boazinhas e a obedecerem a essa tal de moral e bons costumes que os mesmos definiram para seu beneficio próprio. São cheio de "ai credo" e como homens de bem vão linchar, na teoria, homens do mal como esse tal de André Aranha e o seu séquito de homens da justiça que inventam um termo à última da hora como " estupro culposo" para alegar que o pobre André, branco e filho dum empresário, não fez por mal estuprar uma menina de 19 anos, ao que consta virgem - se é ou não é com ela, mas acentua o seu não consentimento se o for- ao colocar uma substância na bebida duma garota que estava a servir como garçonete num evento a que o coitado do André foi. Coitado do André que nem percebeu que colocou uma substância à revelia na bebida de Mariana!... Coitado. Ele fez aquilo porque achou graça à novinha ( essa é outra que falaremos depois. A novinha como alguém crocante passível de usar e abusar) e o fez como gesto de enamoramento... Ele é um homem de bem que não sabe ser um homem do bem?
Quantos homens de bem que criticam as oligarquias e seus derivados até chegar na classe pequeno burguesa que tem família e e educam as suas honradas esposas e suas respectivas filhas a serem boazinhas e a obedecerem a essa tal de moral e bons costumes que os mesmos definiram para seu beneficio próprio são um tanto semelhantes? Um homem de bem que critica os homens de mal, mas se constrange com a autonomia duma mulher e a coloca numa gaveta de devassa que pode servir as suas fantasias pequeno burguesas que o mesmo julga não rimarem com as dos homens do mal. Homens do bem esses que dentro do combo do "ai credo" não gostam de ricos, porque no fundo no fundo os invejam e sonham um dia ter o mesmo poder que estes, o mesmo status mesmo que em outras áreas supostamente mais cultas e esclarecidas assim como um poder aquisitivo que acreditam que é fruto do seu mérito. Mérito dum homem que veio lá de baixo mas que nem enxerga que uma moça, uma mulher sai de casa para trabalhar ou até mesmo trabalha no seu lar para além de ser lavadeira, faxineira e recatada. Não enxerga ou tem dificuldade em enxergar, porque os óculos talvez estejam embaciados, que uma mulher trabalha para sustentar a sua família, muitas vezes como mãe sola e para se realizar. Na realidade um homem de bem que se considera culto e esclarecido e joga pedra nos homens do mal, como esse André que além de ser machista, misógino e classista é só um exemplo mais aberrante, grotesco do que um homem de bem de família é mas que seria incapaz de chegar a vias de facto. Pelo menos vamos acreditar que assim é. Mas o homem de bem que não é necessariamente do bem, por ser assim, nem consegue discernir entre o que é desejo saudável, sedução saudável onde ambas as partes dançam a gosto com pornografia barata que menospreza e humilha mulheres e moças.
No fundo no fundo precisamos de agradecer a este caso grotesco em que a Mariana Ferrar e sua família tiveram a coragem e oportunidade de processar, mesmo que o séquito do Andrézinho alegue que não existem provas... Pois é... No caso até existem. Foram feitos exames médicos. Mas em muitos casos, com outros tipos de violência que não necessariamente um estupro e sim psicológica as provas muitas vezes são mais inconsistentes. Então como encarar todas essas dobras sombras e obscuras em alguns casos? Primeiro auto conhecermo-nos. Conhecimento é poder. Saber quem nós somos é o que há de mais potente, porque quando não estamos alinhadas e alinhados com nós mesmes estamos à mercê dos outros. Corremos o risco de ficar na mão de homens, ou mulheres e outres, do mal de bem que resistem a serem do bem. Sermos do bem é termos a coragem de cuidar de nós, colocar luz nas nossa sombras e faxinar a lixarada emocional que trazemos dentro. Um homem de bem não é necessariamente o super perfeito sem defeitos e nada para se trabalhar, o mesmo se aplica às mulheres e outres. Um homem do bem é aquele que compreende que o abuso de poder está fora de jogo, que o ciúme ou a inveja são sentimentos que todos trazemos dentro de nós e que precisamos de trabalhar para não nos prejudicar, nem a nós nem aos outros. Que o ciúme, o que não deve ser o caso deste André, é um dos principais motivos de crimes passionais. Logo o ciúme não é manifestação de amor e sim de insegurança. Fica aquela dica básica: se a pessoa da qual nos enamoramos provoca-nos ciúmes precisamos nos perguntar se realmente é isso que queremos trazer para a nossa vida. Já que esta é tão desafiante, não é fixe bacana legal criarmos vínculos, relações de confiança e admiração mútua? Enfim, onde o respeito pelo trabalho do outro ser é o equivalente a irmos às urnas e votarmos em quem defende os direitos dos trabalhadores o naqueles que acham que só o trabalho deles é que tem valor. Bora lá respeitar as minas! Certo, mano? Bora lá ser do bem e não de bem! Sim, porque olhar só para o corpiche da mulher e achar que é tudo nosso, mesmo que numa fantasia fajuta, desconsidera que a sua esposa e filha não se incluem no grupo das vadias libertárias. Bom, esse texto fica para a próxima: qual a diferença entre ser libertária e libertina, assim como poliamor é já uma relação a seis. Isto é: eu me amo como sou, amo a outra pessoa como ela é, ele se ama como é, ama-me como eu sou e nós amamos-mos por nos amarmos mutuamente. Muita coisa não? Quando a confiança é mútua o resto é ruido e assim saímos vitoriosos desse engodo pequeno burguês moralista que projeta a sua sujeira mental nas mulheres, nos trans e nos homossexuais.
Homens do bem em vias de emancipação, como muitas mulheres: não compactuem com isso! É sensual e sedutor ser confiável e confiante sem estereótipos e narrativas de conveniência para amaciar o ego e jogar pedra na Geni.
NÓS SEMPRE COM AMOR!
A Piu
B'Olhão Geral Zen 12/11//2020
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