quinta-feira, 11 de abril de 2019

A VOZ DO VENTRE


"A humanidade tomou um lugar errado dentro da natureza, eu acredito que é muita ingenuidade usar a força contra a natureza. Eu acho que os índios aqui no Brasil conhecem melhor a natureza do que nós, mesmo com a nossa tecnologia. Eu acho que o mundo precisa de uma filosofia de vida nova, porque é claro que esse progresso, que nós batalhamos tanto para conquistar, vai levar a nossa autodestruição. Eu não sou cientista, mas eu tenho medo."- Svetlana Aleksiévitch

Quem conhece um pouco da espiritualidade e cosmovisão ameríndia sabe que os seus ensinamentos são pelo caminho do amor. Essa cosmovisão não é científica cartesiana. É a sabedoria da floresta . A força da natureza. Por mais que o ser humano tente destruir a natureza, vibrando na pulsação do apego, do medo, da inveja, do ciúme, da raiva a natureza, manifestada nos seus múltiplos aspectos, é muito mais potente.

A potência do ser humano é confiar na potência da natureza, da abundância que esta oferece. Se a humanidade tomou um lugar dentro da natureza errado foi porque o espírito guerreiro territorial, onde o " outro" é inimigo foi mais forte do que enxergar o " outro", o "diferente" como semelhante. Essa rivalidade guerreira também acontece entre os povos ameríndios, embora a sua conexão com o Todo, isto é com a natureza e seus ciclos assim como com as estrelas e planetas esteja mais apurado. A filosofia nova serve para todos os povos que de uma maneira ou outra prestigiem o ventre da mãe terra e o ventre da mulher como uma dádiva que é a própria vida. Dos movimentos mais bonitos que conheço no Brasil, entre outros, é dos lideres espirituais indigenas levarem a cura espiritual à sociedade " branca". A resistência artística e cultural da periferia é igualmente potente. SALVÉ A RE EXISTÊNCIA!

Quantas mulheres estão afastadas do seu divino, da potência da sua criatividade? Assim como homens? Há quem diga que o riso, dependendo do riso, é algo transcendental. Rir é não nos levarmos demasiado a sério e assim podermos superar as nossas próprias mesquinhezes que é competir com outra mana, só se ficar no seu próprio sucesso e desprezar quem consideram que não tem sucesso ( mas o que é ser bem sucedid@ realmente? ), fechar a cara e o coração para @ forasteir@, não nos disponibilizarmo-nos em nos colocarmos no lugar do outro ser vivo porque por algum motivo não conveniente para o nosso próprio ego. Por ora chamemos de lógica patriarcal, que muitas mulheres igualmente seguem. Podemos chamar também de lógica do egocentrismo.

Uma nova filosofia de vida é, por exemplo, não naturalizar mais um homem negro ser baleado no Brasil em pleno ano de 2019 dentro do seu carro com a sua família com OITENTA tiros, porque foi confundido com um bandido (?!?). Agora pergunto: mesmo um bandido merece esse tratamento num país onde supostamente não existe pena de morte???

Honrar a vida duma forma pacifista é honrar que tod@s nós viemos duma fusão entre homens e mulheres e que o ventre da nossa mãe é sagrado, assim como o ventre do nosso pai, independentemente das circunstâncias em que fomos concebid@S, logo a vida de outra pessoa é igualmente sagrada. E que cada gesto, cada detalhe, movimento que fazemos em relação a outro ser vivo vale muito mais do que bandeiras, dogmas, partidos e religiões, títulos e até mesmo panelinhas, tenham estas os contornos e causas que tiverem. Muitas vezes (auto) consideradas nobres. Colocarmos a mão no coração, logo na consciência é uma ato extremamente transformador, logo revolucionário. Assim como curarmo-nos de nós mesm@s e afinar cada vez mais a consciência sobre para onde queremos levar o nosso corpo, alma, espírito, desejo e sexualidade. A mudança começa dentro de nós e não é imediata. Para todos os efeitos não somos café solúvel onde basta juntar água a ferver.

A Piu
Brasil, 11/04/2019

"Na tradição taoísta, o útero é chamado de palácio celestial e, para a mulher, pode ser uma porta para o paraíso ou para o inferno. (...) Só há uma maneira de liberar e restabelecer o feminino em nós: fortalecendo o útero." Maitreyi D. Piontek, no livro Desvendando o Poder Oculto da Sexualidade Feminina
Retomar a consciência física e também sutil de nossos úteros é um caminho que pode nos levar a mais prazer, mais criatividade e mais realização. O processo tende a ser gradual e natural, mas nossas escolhas também auxiliam nessa reconexão.
Prestar atenção a reações nessa parte do corpo em momentos de prazer, relaxamento, alegria, desafios, liberação, é uma atitude que vai nos reconectando com sua força. Bem como acompanhar as sensações uterinas experimentadas ao longo do ciclo menstrual e das fases lunares.
Nossas relações também podem nos revelar como anda o amor que dedicamos ao nosso úteros. Afinal, quem você está deixando entrar, permanecer, influenciar nesses espaço tão especial que existe em você?
Ilustração: Melissa Webster www.ilustrarium.cc
Arte desenvolvida para o site Curandeiras de Si






Sem comentários:

Enviar um comentário