quinta-feira, 14 de junho de 2018

A HISTÓRIA QUE MUITOS DE NÓS GOSTARIAMOS DE OUVIR

Naquele dia Adolfo chegou um pouco mais tarde a casa. Fizera o caminho flutuando e detivera-se em cada detalhe, cheiro, tonalidade e surpreendera-se com o que já lhe era familiar. A mãe, já preocupada, esperava-o com um strudel acabadinho de fazer. " Fui aprovado, mãe! Fui aprovado! Gostaram muiito do retrato a óleo que eu fiz da senhora!" Na cidade de Klimt Adolfo rodou a sua mãe no ar. Seria um artista muito conceituado, sonhava. Multidões o aplaudiriam, enquanto este pintava a melancolia das paisagens bucólicas e o sorriso magoado da mãe. " Mãe, disseram que eu capto muito bem o brilho do seu olhar e que transformo o seu sorriso em poesia! Mãe! Entrei na Escola de Belas Artes!!!"
" Tenho um filho artista. Meu querido e tímido Adolfo que se liberta na pintura!", pensou a mãe dizendo de seguida: " Então Adolfo, já podes cortar esse bigodinho que não passa duma penugem. Não precisas de te afirmar mais desse jeito só porque tens um metro e cinquenta e três." Adolfo pensou, olhou para o espelho, deu dois passos para a esquerda e três e meio para a direita e respondeu: " Eu gosto deste bigode porque me lembra o Charlie Chaplin e ele é um artista de coração grande como eu!" Ambos sorriram.
E assim Adolfo seguiu a sua veia de artista oferecendo sonhos oníricos através das suas pinturas e não pesadelos realistas. Ah! E banca ainda comentou: " Seja bem vindo! Aqui não buscamos génios e sim seres humanos dispostos a se trabalharem!"

A Piu
Br, 24/06/2018

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