Deambulou durante algumas horas sem que ninguém desse por ele. Os seus passos ora eram compassados, ora cambaleantes. Atrás dos seus óculos escuros o globo ocular direito rodopiava a 100 km por hora, ao passo que o globo ocular esquerdo estava quase parado e uma película verde alga embaciava a pupila dilatada. Já o terceiro olho, que se encontrava bem acima das lentes escuras, pestanejava sem parar embora não houvesse pálpebra.
Era o aniversário do homem estranhamente charmoso. Retirara-se do salão no exato momento em que iam cantar os parabéns. Tudo uma questão de charme aliado à carência dum abraço. Foram-no buscar, já ele tinha acendido um cigarro de chá de cidreira. Deu um trago antes de entrar na sala e respirou fundo.
O grande charme do homem estranhamente charmoso é que este tinha a capacidade de se preencher e esvaziar, de acolher e deixar ir. Esse era o grande charme do homem estranhamente charmoso.
A Piu
Br, 14/06/2017
Br, 14/06/2017
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