segunda-feira, 24 de novembro de 2014

SENTIDO DE VIAGEM

Podemos calcorrear o mundo inteiro. Entrar em todos os museus. Fotografar monumentos e crianças no deserto quando passamos a alta velocidade, levantando pó nas suas aldeias. Podemos conhecer as ilhas do Pacifico e alguns hotéis Ibis por esse mundo afora e nunca termos saído do nosso quartinho semi escuro da nossa casa onde posteres das nossas bandas de adolescência sorriem da porta do armário num tom irreverente. e autocolantes ainda no vidro da janela define o nosso estilo de vestir e gostar de determinadas coisas e não de outras. Mas se não nos deslocarmos da nossa "tribo" perdemos a oportunidade de conhecer outras. Umas mais semelhantes que outras da nossa. Mas confrontarmo-nos com a incrível e sedutora realidade que o mundo é maior que o nosso quarto, a nossa rua, bairro, cidade e país.

Uns emigram por extrema necessidade, outros porque anseiam e desejam ir ao encontro de outros estímulos, tantos outros pelas duas razões e mais outras tantas. Mas todos trazem o mesmo na mala: coragem e alguma vulnerabilidade. Vulnerabilidade não significa fraqueza. Pelo contrário! A vulnerabilidade permite perceber o coração, o sentimento daqueles que se abeiram ou afastam de quem é "estranhamente igual", "estrangeiro familiar". Daqueles que dão uma mão e daqueles que dão rasteiras. A vulnerabilidade é uma força, logo transborda vida, humanidade.

Há quem diga que dos fracos não reza a História. Mas o que é ser fraco? Talvez dos loucos a História não reze tanto. Ou talvez reze. Quem arrisca ser arrojado, falo principalmente no espírito, na alma, não deixa de ser um louco. Um louco que traz a curiosidade do mundo estampada no rosto. E esses fazem histórias porque as vivem.

Ana Piu
Brasil, 24.11.2014



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