terça-feira, 11 de novembro de 2014

O PORQUÊ DOS PORQUÊS, ISSO DÁ QUE PENSAR

Aqui há uns dias um amigo informou-me que leu um artigo onde  diziam que  que o maior índice de suicídio em Portugal dá-se no Alentejo. Fiquemo-nos então pelo Alentejo, não precisamos de subir até à Escandinávia. Será que dá para concluir que os polos se encontram? Adiante, estudos apontavam com percentagens e estatísticas que era lá que tanto homens como mulheres punham termo à vida, mas sempre morriam de pé. Ora pendurados numa árvore ou afogados num poço. Na verdade não me apetece procurar esse artigo. Na verdade não tenho paciência nem para percentagens, nem para estatísticas e é uma informação que já a temos há um quinquilhão de anos. Essa falta de paciência talvez seja um problema meu, mas nunca me revi nas percentagens e estatísticas pois nunca ninguém me perguntou nada para nenhum estudo estatistico. chuinf chuinf

Esse meu amigo perguntou se tinha uma ideia das razões. Respondi que já tinha pensado nisso e dei umas três razões: 1. a falta de trabalho e exploração que uns exercem sobre outros; 2. a aridez da paisagem e o calor demasiado que suga energia vital, deixando as pessoas prostradas e deprimidas; 3. a espiritualidade não ser algo verdadeiramente cultivado, apesar de não serem totalmente ateias.

"Acertei" na terceira razão. Pronto, 'tá bem! Mas existem pessoas que são ateias que não se suicidam e pessoas fervorosamente religiosas feitas num frangalho. Não ter trabalho é lixado. Muito lixado! Viver isolado num monte, como o estudo também indicava como sendo uma das causas, também é lixado, mas ainda assim continuo a achar por experiência própria que o calor em demasia acaba com a pessoa. Já a espiritualidade cada vez considero mais que é estritamente necessária. Estarmos conectados com nós mesmos. E nem precisamos de chamar a instituição religiosa ao barulho. Ela que fique no seu cantinho que quem tem de se encontrar pára e fecha os olhos respirando profundamente.

Só para rematar, a última vez que estive no Alentejo, mais propriamente em Évora, mais propriamente em Julho deste ano encontrei uma série de  pessoas que já não via há uns 20 anos. Umas mais desdentadas com a barriguinha da praxe outras mais nos conformes. Enfim, perde-se numas coisas ganham-se noutras. Mas o que me fez muito caso foi o modo de cumprimentar:"Atão tudo bem?! Adeus!" Isto é,  não houve surpresa alguma no reencontro muito menos curiosidade em saber como se passaram estes últimos 20 anos. Isso a mim dá que pensar...

Ana Piu
Br, 11.11.2014

desenho: Álvaro Cunhal





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