Esse meu amigo perguntou se tinha uma ideia das razões. Respondi que já tinha pensado nisso e dei umas três razões: 1. a falta de trabalho e exploração que uns exercem sobre outros; 2. a aridez da paisagem e o calor demasiado que suga energia vital, deixando as pessoas prostradas e deprimidas; 3. a espiritualidade não ser algo verdadeiramente cultivado, apesar de não serem totalmente ateias.
"Acertei" na terceira razão. Pronto, 'tá bem! Mas existem pessoas que são ateias que não se suicidam e pessoas fervorosamente religiosas feitas num frangalho. Não ter trabalho é lixado. Muito lixado! Viver isolado num monte, como o estudo também indicava como sendo uma das causas, também é lixado, mas ainda assim continuo a achar por experiência própria que o calor em demasia acaba com a pessoa. Já a espiritualidade cada vez considero mais que é estritamente necessária. Estarmos conectados com nós mesmos. E nem precisamos de chamar a instituição religiosa ao barulho. Ela que fique no seu cantinho que quem tem de se encontrar pára e fecha os olhos respirando profundamente.
Só para rematar, a última vez que estive no Alentejo, mais propriamente em Évora, mais propriamente em Julho deste ano encontrei uma série de pessoas que já não via há uns 20 anos. Umas mais desdentadas com a barriguinha da praxe outras mais nos conformes. Enfim, perde-se numas coisas ganham-se noutras. Mas o que me fez muito caso foi o modo de cumprimentar:"Atão tudo bem?! Adeus!" Isto é, não houve surpresa alguma no reencontro muito menos curiosidade em saber como se passaram estes últimos 20 anos. Isso a mim dá que pensar...
Ana Piu
Br, 11.11.2014
desenho: Álvaro Cunhal |
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