Ele havia, ele haver ainda há, um edifício inicio do século (XX…) na velha rua da Palma ao Intendente (ou à Mouraria? Ai os bairrismos!!), mesmo junto à linha do elétrico. Do tram way for the castle. Do tram way that you can visit o casco histórico da Lisbonne, Liasabomnne, Lisbon, Lisboa very very typical. Além da beleza das ruas e de sua arquitectura heterogénea com a sua luz peculiar devido ao sol que se reflecte no largo Tejo e nas colinas, as paragens muitas vezes infindáveis do tram way graças aos carros que estacionam em cima da linha é um belo e very tipical retrato do sentido de cidadania dos seus habitantes, visitantes e deambulantes por essa cidade menina e moça. Quem vagueia pelas ruas e ruelas ermas terá sempre o gosto da aventura de se desviar, saltar e quem sabe pisar o dejecto de canino enquanto agilmente se encosta à parede dum edifício secular para não ser passado a ferro por uma viatura com quatro rodas. Existe ainda um desporto praticado pelos seus habitantes muito elucidativo do tal sentido de cidadania. Ora esse desporto por muitas vezes operado radicalmente nesta linda e bela cidade, denominada em tempos idos de Olissipo, é nada mais nada menos que cuspinhar para o chão Vulgus escarrar.. Aquele som que antecede a massa expectorante no seu caminho pela esfinge até à glote. Todo aquele se formar dum massa consistente de finas tonalidades ora verdes, ora castanhas, ora simplesmente brancas. Até ao gesto final dos lábios ligeiramente compressos uns contra os outros com a subtil sonoridade: “tefuuuuuu”. Entre os excrementos caninos e um selo dessa categoria no chão impresso lá vamos girando e nos surpreendendo por Lisbona. E é sempre um desafio delicioso nos deixarmos surpreender por novas descobertas. Entrar em velhos edifícios e encontrar o bar da associação dos amigos da Pesca, ou encontrar um sapateiro daqueles à antiga a trabalhar num vão de escada. Ou subir uma enorme escadaria e encontrar uma esplanada generosa com vista para o rio.
Ora na velha rua da Palma existe um grande edifício que lá nos idos anos 80 e 90 pertencia ao PSR (partido socialista revolucionário), actual Bloco de Esquerda. Nesse dito edifício aconteciam uns concertos de música (normalmente rock, punk rock se a memória não me atraiçoa). Eu lá ia com uns 17, 18 anos com a minha querida amiga Susana. Sei que uns três ou quatro anos antes tinha havido uma escaramuça feia naquele lugar. Uns jovens suburbanos, como eu, e duma irreverência, seguramente diferente da minha, assassinaram um indivíduo pertencente ao PSR. Na época esses jovens foram designados de skin heads. Foram julgados, uns presos e outros nem por isso. Bom, o que é facto é que eu nunca me cruzei com tal tribo. Ou por distracção minha, o que não me admira, ou simplesmente por sorte. hmmmm Acho que me cruzei momentaneamente. Tenho uma memória difusa de tal, com um ou dois na estação de comboios/trem. Mas como a minha fisionomia pode bem passar por germânica… (como se não houvessem germânicos anti racistas…) houve um olhar de cumplicidade da parte deles (!). Sorte ou azar que eu não me fazia acompanhar dum amigo ou amiga de pigmentação mais escura!
Bom, mas esse edifício pertencia e pertence a esse partido. Apesar de nunca ter sido filiada em tal trupe, no momento das urnas colocava o meu voto neles. Oooops o voto é secreto…. Aaaaahhhh colocava o voto neles mais do que para ganhar as eleições, o que seria quase impossível, era para que outras vozes ocupassem os lugares da assembleia da república e afins.
Porém, contudo, no entanto sempre tive algumas resistências ao seguidismo. Talvez a minha postura pois pois moderna me torne céptica e asséptica com as propostas politicas no paízito à beira mar plantado.
Nessa mesma época fui-me espassarinhar por terras de Évora. E o que eu encontrei? Tchananâ… uma câmara municipal comunista since 1974 ou 75? Uma mesma malta que ficou no poleiro durante uns 20 anos e troca ao passo. Aqui não está em causa o trabalho realizado durante esses anos. Principalmente no que se refere à cultura! Porém, os mesmos durante tantos anos!... Cheira a lobby. Pêro yo que sei?!
Por isso existem os rectângulos abaixo da publicação para as pessoas comentarem.
E à frente da escola de arte dramática que eu frequentava… quem lá estava? Quem adivinhar ofereço um Trabie miniatura pousado e colado num pedaço de muro de Berlim.
No salão nobre, por sinal lindíssimo, do teatro Garcia de Resende lá pelo ano de 93, acho, a malta do PSR foi dar uma conferência. Se não estou em erro foi o Francisco Louça que foi falar. A determinada altura, já na parte das questões, um homem dos seus trinta e tal quarentas anos levanta-se e fala:” Sou filiado no partido comunista há mais de vinte anos, sempre fui fiel ao partido (fiel… cala-te pois pois moderna!!) mas estou um pouco desanimado (bom, parecem as reuniões taparuere ou dos consumidores compulsivos do refrigerante Canada Dry… Cala-te pois pois!). E gostaria de saber quais as soluções que o senhor apresenta.” Momento dramático, no sentido teatral do termo. Suspensão na sala. E, a meu ver, a resposta do Louçã mais sóbria não podia ter sido:” Eu não venho aqui apresentar soluções e sim caminhos para que juntos possamos construir algo. Se o senhor se quer filiar só a si lhe compete tomar essa decisão. Mas eu não tenho soluções, tenho questões.” Gostei de escutar tal resposta. Gostei sim senhor. Contudo, todavia, no entanto à saída de tal encontro ele que havia uns dois ou três colegas meus de escola que deslumbrados diziam que o PSR era o maior, o máximo. Bom, vai que não vai lembrei-me da “The life of Brian” dos Monthy Pythons, quando o Brian diz que ele não tem a verdade absoluta e que as pessoas devem pensar pela sua cabeça e não serem seguidistas. E o pessoal o que faz? Vai repetindo integralmente o que ele diz até que o Brian tem que abrir a fuga dos seus indesejados devotos. Um fartote! A questão é quando esse fartote é real. É vivido na vida real!
Anos mais tarde fui-me apercebendo que sempre que havia ou uma iniciativa de cariz social com preocupações de cidadania ou uma manifestação apartidária a malta do bloco de esquerda lá aparecia e apropriava-se de tal impulso activista. Do meu lado, considerava e considero um oportunismo inqualificável. Uma sede de protagonismo e de estratégia para alcançar o poder no qual eu, enquanto cidadã não me sinto respeitada. Depois haviam pormenores que só para escarnecer e não ligar. Durante as passeatas pelas ruas seculares lisboetas lá estava o Miguel Portas (que a sua alma descanse em paz) com a sua comitiva olhando com um ar satisfeito ao seu redor como quem diz:”Esta “juventude” está no bom caminho.” Creio que nestas últimas manifestações dos cidadãos indignados os bloquistas já não tiveram coragem de se apropriarem de tal fenómeno social. Parece-me que já ninguém permitiria tal manobra. As pessoas, de modo geral, estão fartas de partidos, pá. As pessoas estão desacreditadas dos partidos que ora se designam à esquerda como à direita. Pois vão dar ao mesmo. A mosca muda, mas a bosta é a mesma. E talvez seja esse o problema. Se por um lado é importante existirem partidos para que a democracia continue, por outro tem de se rever o modo de viver a democracia. Uma democracia mais participativa, menos burocrática com medidas locais mas dialogantes com o resto do país e do mundo. Uma democracia onde os partidos defendam os interesses dos cidadãos em vez de perderem tempo com guerrinhas internas onde o que conta é o ego e os interesses pessoais. Onde os outros são estúpidos, leigos, não sabem nada e eu é que sei! Oh sacarina mentalidade tão praticada consciente e/ou inconscientemente nesse tal jardinzito à beira mar estagnado.
A piU
Lx, 7 de Julho de 2012
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