Há dias atrás, uma recente parceira de andanças que por acaso ( os acasos existem?) tem a pigmentação mais escura e o seu cabelo é um black power que eu não me importaria de ter diz-me assim, parafraseando: " Nós só prosperamos quando reconhecemos a nossa mãe como geradora da nossa vida e agradecemos essa oportunidade que ela nos deu, assim como as nossas avós e também o nosso pai e a sua linhagem." Olha só! Uma coisa tão óbvia, mas que por vezes esquecemos de lembrar! Mas daí ainda me veio um outro 'insight": Claro! A Humanidade está doente porque não honra a mãe natureza! Não honra a feminilidade que todos trazemos dentro de nós. Não honra a maternidade na plenitude. É isso! Espezinha a fonte de vida e criação! Não reverencia a vida com leveza, gratidão, respeito e essas coisas todas que tem a ver com ética.
Por falar em ética! Na infância lembro-me de ouvir umas piadinhas um bocado (?!) parvas sobre o Samora Machel ( presidente da República de Moçambique pós 1975) e sobre pretos- passo a expressão. Andei numa escola fundado por aqueles que voltaram para Portugal na independência das ex colónias portuguesas em África. Eu faço parte da primeira geração que teve a sorte de nascer e crescer no pós fascismo e descolonização. Brrrrrrrr fascismo..... Bilhaque! Caria! Fascismo nunca mais! Escusado será dizer que a minha geração foi contemplada com a liberdade de expressão, embora até hoje nos infantilizem. Aqueles que alegam ter feito a revolução, mas muitos não se aguentaram à bomboka e hoje ou são os burguesões barrigudos mas fixes porreiro pá ou são na mesma barrigudos com as suas utopias meio que amarguradas como se andassem o tempo todo a chutar um pedaço de muro de Berlim para se certificarem que a era do Estalinho acabou. Voltando aos "pretos'. Também me lembro na minha terra natal ouvir: " Oh preto! Vai para a tua terra!" Essa é "boa". Uns gajos que andaram 500 anos a chafurdar na sua ganância, boçalidade, avidez na terra dos ditos "pretos" e "vermelho" tem o descaramento de falar isso. Mas há muito brasileiro por aí, descendente desses mesmos que ele diz que foi colonizado, que tem a mesma postura e age brutalmente.
Voltando, então, ao Brasil. Muitos desses que foram enxutados de África pelas vicissitudes da Independência e suas ideologias ou foram para Portugal, ou outros países ou foram para o Brasil. Isto em plena dita dura tropical. Para todos os efeitos o colonialismo e a dita dura nunca acabou aqui. Olhai a PM atuando indescriminadamente na sociedade civil. Colonialismo esse perpetuado pelo próprio povo branqueado, mestiço ascendendo ao branqueamento.
Há dois dias atrás, antes da fatalidade de Marielle Franco, vereadora do Rio que foi baleada junto com o seu motorista, houve uma aula sobre democracia no Brasil e o golpe de 2016 e suas censuras. Essa aula acontecei no IFCH ( Instituto Fabulásticos dos Cabeçones Homéricos) ahhhhhhhhhhhhhh não poderia perder essa oportunidade de caçoar dos ifichianos da filosofia e ciências humanas. Eu também estive lá! EU ESTIVE LÁ! ( como diziam os ex combatentes e sobreviventes portugueses na guerra em África). Na verdade não fui a essa aula. Ufa.... Estou noutra. Perdi a tesão de ouvir teóricos da democracia, feminismo, alteridade e outras coisas lindas mas que ficam pálidas sem pulsação quando discutidas na fogueira de vaidades e sem humanismo e solidariedade efetiva. Blá blá blá zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Prefiro ler um livro para me inspirar. Sei lá!
A Marielle era socióloga feminista ativista e negra. Isso é uma grande pedra no sapato para os perpetuadores de lógicas oligárquicas cafonas, patriarcais e escrovocratas.
MARIELLE! PRESENTE!
A Piu
Br. 16/03/2018
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