sexta-feira, 21 de outubro de 2016

TANTRA VIDA PARA VIVER

O continente americano acolhe entre as raízes das suas árvores segredos ancestrais e sabedorias que muitas vezes tem sido desprezadas e queimadas com o desmatamento fruto da cobiça, da ganância e da ignorância. Assim acontece com África também. Só para ficarmos nestes dois continentes que todos aqueles que se expressam em português sabem, pelo menos espera-se que assim seja, tem sido alvo desses sentimentos e práticas: cobiça, ganância e ignorância. Esses sentimentos e práticas como todos nós sabemos, ou deveríamos saber, são promovidos ao longo de séculos por instituições hierárquicas, no caso religiosas. Sim, é uma redundância afirmar que uma instituição é hierárquica. E todos nós sabemos, ou deveríamos saber, que atrás do poder há sempre ou quase sempre uma doutrina religiosa. Porquê? Porque é a espiritualidade que pega. Todos nós precisamos dela. É isso que nos nutre por dentro. Mesmo um ateu precisa de estar conectado consigo mesmo. Religado com a sua essência. Porém, contudo, no entanto, todavia quem tem sede de poder, é ávido de protagonismo usa dessa necessidade de transcendência dos demais para  exercer o seu poder, manipulando, apropriando-se ou tentando-se apropriar da essência, do Amor, da Energia Vital, dos sonhos e utopias.

Assim vai o mundo com instituições religiosas que continuam a pôr e a dispôr de decisões mundiais. Ah pois Oh pois! Oh pois dei! Opus Dei e outros fundamentalismos sinistros. Enfim, mas vamos ao micro. Não é invasivo alguém querer nos converter, evangelizar? Não é invasivo nós queremos impingir as nossas verdades? Verdades que para nós servem, mas ao querer impôr aos outros algo dessa verdade soa errado. Quem nunca presenciou alguém que acredita numa doutrina e desdenha de doutrinas alheias? Que espiritualidade é essa que não aceita a diversidade? Que discernimento e visão clara tem sobre a vida? Que iluminação é essa? Não entendo. Aliás, entendo que a arrogância é um karma, assim como o autoritarismo.

Há séculos e séculos andamos aí com esse karma às costas. O que é um karma se não reprodução dum comportamento, dum padrão de comportamento que não pulsa paz e sim opressão? Olhar de frente esses padrões, além de requerer coragem, é estritamente necessário para nos tornarmos mais leves. Livrarmo-nos do que não nos faz caminhar com amorosidade.

Resumindo e concluindo, em suma, ninguém é mais que ninguém e honrarmos a presença uns dos outros é fundamental. Só morremos quando a última pessoa que se lembrar de nós morrer ou se esquecer de nós. Podemos morrer muitas vezes e renascer ao longo da nossa existência. Esse é o grande desafio desta nossa passagem por estas bandas planetárias.Se voltamos ao cosmos cada um acredita no que quiser. Eu acredito que sim. Porque nada acaba nunca, só muda de lugar. Somos energia. Umas vezes materializada, outras não. E assim vamos bailando entre estrelas cadentes e a grande mãe terra que devemos respeitar. Quem não respeita as mulheres não respeita a sua própria mãe. Não respeitar o sagrado feminino que é poder da criação, da criatividade que todos nós trazemos dentro de nós é não nos respeitarmos a nós mesmos. Todos nós trazemos dentro de nós o sagrado feminino, que é a energia criativa, sejamos homens, mulheres e outros géneros com os quais os seres se identificam. Tantra tanta vida para viver.

Ana Piu
Brasil, 21.10.2016



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