sexta-feira, 29 de agosto de 2014

GOLAS DE AVIADORA

Asmática até aos seus 8, 9 anos.  De perna grada desde a  mais tenra idade usou talas, palmilhas, botas ortopédicas desde os dias cinzentos de Inverno até aos solarentos dias de Verão. Desfez-se de tais empecilhos lá pelos 6 anos. Depois dos dentitos de leite que se vê no retrato usou aparelho movível que longe dos olhares do agregado familiar era projetado para o pequenito 'taparuere" e colocado dentro da mala de cabedal da escola. Quem é torto tarde ou nunca se endireita. 

Na escola a sua corrida lenta deixava-a com dor de burro, aquela que se dá perto do estômago para os lados do ventre. Até aos 10 anos dava erros ortográficos de uma manada de bisontes fugir sem noticias do seu regresso. Era distraída e ficar sentada muito tempo talvez não fizesse nada bem à sua escoliose. Fez balé e natação e no judo levou um pisão de uma amiga que deixou um dos dedos do pé feito uma batata durante meses. Sempre teve fama na escola de se rir muito. 

Usou óculos aos 18 anos, cujos mesmos foram tal e qual mente atropelados por um carro, na saída de sua casa partilhada com seus colegas de escola numa descoberta de autonomia onde muitas sopas escureceram na panela antes mesmo da sua degustação, assim como fungos de louça por lavar foram objeto de estudo por cientistas conceituados do bairro. 


Basicamente o cabelo nunca foi usado com grande longuítude, pois tal qual camisolões de gola alta que picavam o seu pequenito pescoço que no retrato se pode observar, a melena é algo que pesa nos movimentos rápidos e lentos deste pequeno ser que aqui se vê como umas golas de aviador com o último botão dentro da casa! Raridade! Pois os últimos botões apertados não é uma prática constante, visto este pequeno ser, desde a mais tenra idade, apreciar janelas e portas abertas para o ar e a luz circularem tal qual seres vivos. Sejam eles bípedes ou quadrupedes. Esta criatura, na atualidade, sofre de sulipampas vivenciais cujo o rir não se esquece de si mesma. É menina para ter quatro décadas. Consta, mas parece que nasceu antes ontem de noite ao inicio da manhã. 

a piu
Br, 29.08.2014

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

COSMONAUTA DO PACÍFICO SUL

acima da linha do equador estão os polos
trópico de câncer
de capricórnio
os peixes voam
a mulher atravessa o espaço
no tempo
alguém lhe pergunta:
'Menina! Que polos conhece?"
a mulher olha como que reflectida na espuma,
volta a ser menina
'Conheço o Polo Norte, Polo Sul e Polilon"
Espanto: "Polilon?!?!"
esganiçada a voz da menina mulher sai:"Ai que a senhora professora não sabe!!! Polilon são os fechos que a mamã usa. A mamã e as outras senhoras"

a cosmonauta do pacífico sul sabe que no fundo no fundo,entre um trópico e outro com os polos como ponto de referência, ela tanto é menina, como mulher, como senhora e que é do género que o género se dissipa na transversalidade do tempo no espaço


Ana Piu
Br, 27.08.2014

ilustração: Enki Bilal

terça-feira, 26 de agosto de 2014

O BEBÉ PROFETA



O bebé profeta que já nasceu, ou que ainda está por renascer, profetiza: "Dentro de duas décadas todos os que renascerão serão eticamente manipulados em laboratórios especializados em ecologia ambiental e emocional. Os bebés deste futuro próximo nascerão mergulhados em si mesmo para que nesse estado de imersão emergiam dilatados para o mundo. Não cobiçarão o alheio, pois satisfeitos com a alegria de estarem vivos não sentirão necessidade de se afirmarem numa exacerbação sobreposta aos restantes. Os seus gestos, atitudes, comportamentos serão limpidos, transparentes como as profundezas das águas claras em dia de céu limpo. Não sentirão necessidade de dinheiro, pois este desfazer-se-á nas águas mornas de peixes coloridos, entre estrelas do mar e algas. Os tubarões serão amigos desta nova geração que os acarinha e alimenta com pérolas do mar. Os que renascerão serão empreendedoramente pacifistas e sentirão estimulo no desafio de crescer. A geração vindoura empenhar-se em erradicar conflitos desnecessários de cobiça egoísta por recursos naturais e humanos. A criatividade e a solidariedade serão as palavras de ordem"

Ana Piu
Brasil, 18.08.2014

Foto: O BEBÉ PROFETA

O bebé profeta que  já nasceu, ou que ainda está por renascer, profetiza: "Dentro de duas décadas todos os que renascerão serão eticamente manipulados em laboratórios especializados em ecologia ambiental e emocional. Os bebés deste futuro próximo nascerão mergulhados em si mesmo para que nesse estado de imersão emergiam dilatados para o mundo. Não cobiçarão o alheio, pois satisfeitos com a alegria de estarem vivos não sentirão necessidade de se afirmarem numa exacerbação sobreposta aos restantes. Os seus gestos, atitudes, comportamentos serão limpidos, transparentes como as profundezas das águas claras em dia de céu limpo. Não sentirão necessidade de dinheiro, pois este desfazer-se-á nas águas mornas de peixes coloridos, entre estrelas do mar e algas. Os tubarões serão amigos desta nova geração que os acarinha e alimenta com pérolas do mar. Os que renascerão serão empreendedoramente pacifistas e sentirão estimulo no desafio de crescer. A geração vindoura empenhar-se em erradicar conflitos desnecessários de cobiça egoísta por recursos naturais e humanos. A criatividade e a solidariedade serão  as palavras de ordem"

Ana Piu
Brasil, 18.08.2014

A MULHER E A GATA



Mulher com vestido amarelo às bolinhas pretas com gata de olhos verdes brilhantes com gatinhos crescendo no ventre ao colo do vestido com bolinhas pretas sobre o amarelo do vestido da mulher que olha, segurando a gata que espera gatinhos com os seus olhos brilhando mais verde.

Ana Piu
Br, 26.08.2014

Pintura: Michel Sowa (nascido em 1945) é um artista alemão conhecido principalmente por suas pinturas, que são lunáticas, surreais, ou deslumbrantes. As suas pinturas muitas vezes apresentam animais e são intitulados em Inglês e Alemão. Sowa estudou na Escola Estadual de Belas Artes de Berlim. Pintor e ilustrador.

ENCONTROS CIRCULARES



eu sei que tu sabes que sabemos que os pássaros têm asas grandes, mesmo quando pequenos
tu sabes que eu sei que quando falamos de fome falamos de fome de Ser
nós sabemos que as certezas foram embora nos ventos que mudaram o rumo dos acontecimentos
sabemos que no silêncio escondem-se palavras de amor
também de paz
na paz do silêncio existe a fome de sermos dignos como os pássaros que voam sazonalmente
não sei quanto tempo levará até que todos os pássaros possam sair das suas próprias gaiolas e deixarem que as suas grandes asas bebam as grossas gotas de chuva refrescante
não sei até quando o eco do ego abandonará o silêncio que se deseja calmo, enraizado, profundo
silêncio com cheiro, sabor, textura a terra, fogo, água e ar
não sei quando nos voltaremos a encontrar
mas quem tem de se encontrar
encontra-se
em si
e no outro
os olhos brilham
estamos vivos

Ana Piu
Br, 26.08.2014

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

MALA DAS VALORIZAÇÕES

Muitos estarão curiosos de saber como foi voltar após dois anos à minha terra natal. Outros nem estarão nem aí. Embora sabendo das cambiantes da curiosidade ou da falta da mesma testemunho na mesma. Um matar de saudades com um apontamento de esperança do pessoal não esmorecer e um confirmar que não deixa de estar tudo na mesma como a lesma e que isso me causa alguma irritação, que camuflo de "deixa lá isso da mão", visto não ser nada agradável entrar nas redes sociais para desmembrar a boneca. Ma vou desmembrá-la na mesma! Perdido por cem, perdido por mil. ENJOAM AS GUERRINHAS DE EGO, PARTIDÁRIAS OU APARTIDÁRIAS QUE DURAM HÁ DÉCADAS! METEM NOJO PORQUE PARECE QUE O PESSOAL ANDAM A BOICOTAR-SE UNS AOS OUTROS. A CRISE, MAIS QUE FINANCEIRA, É DE VALORES!

Há 22 anos que conheço Évora. Estudei lá no Centro Dramático de Évora com uma direção ligada ao partido comunista que assumia os cargos municipais. Enfim, um lobby como outro qualquer. Um lobby provinciano, mas não deixa de ser um lobby. Esses mesmos comunistas, que vamos partir do principio que se preocupam com o bem estar comum (?!?!) mas que usufruíram dos fundos sociais europeus metendo ao bolso para proveito próprio. Sim senhora! Isso é que é ética! Iguais ou piores dos que criticam! Diria piores, pois fazem acreditar que o paradigma pode ser mudado, mas é tudo mentira. MENTIRA! Aproveitam-se de princípios éticos para proveito próprio.

Em Évora fui recebida pelos meus amigos de há 20 anos. Pim Teatro. Tiveram a coragem de manter um Festival de Palhaços. Veio gente muitas partes do mundo pelo seu bolso. Um veio que trabalhou com o Slava e o Cirque do Soleil. Alguém percebeu isso na cidade? Ahhhh foi à hora da novela. Borrifo-me para o Cirque do Soleil, mas... Se fosse alguém da telenovela logo viriam todos a correr. É isso?
 Não houve caché em Évora, porém o Jornal das Cenas ao Sul escreveram que o Festival teve um apoio significativo. Grande piada de mau gosto! PIADA DE MAU GOSTO, Ó COMUNAS! É vergonha passar o chapéu na rua? Já não é tempo de nos valorizarmos uns aos outros?

Partilhei o meu trabalho e não tenho vergonha nenhuma de passar o chapéu. Vergonha tenho é receber moedinhas minimas mesmo dizendo às pessoas para não me darem esmola, pois quem não puder dar ofereço do fundo do coração o meu trabalho. Enfim, quando o estômago começa a revolver o melhor é pegar na malinha e dizer:"Até já! Encontramos-nos mais à frente!"


Ana Piu
Brasil, 08.08.2014



ANA PIU
(Lisboa 1973)

Vive no Brasil. Frequenta a pós graduação de Antropologia Social na UNICAMP/ Estado de São Paulo. Com o projeto: Na eternidade cabe lá todo o mundo: visita dos palhaços do Grupo Gandaiá a dois asilos de Indaiatuba, no estado de São Paulo - Ana Figueiredo (PPGAS-Unicamp).

Desenvolve ainda num núcleo de treinamento a linguagem de clown e treino energético dentro da linha de trabalho do Lume Teatro com um grupo de alunos do Instituto das Artes Cênicas da UNICAMP.

Em 2013 participou do projeto Cria Cores- (Manipulação de bonecos) PROAC. (Circulação – 40 cidades – SP).

Cria o grupo de teatro “Balbinas Beduínas” com Denise Valarini, que funde o teatro de manipulação de objetos, marionetes e clown.

Apresenta um solo de clown em cabarés : “As aventuras e desventuras de Maria Bonita”

Fez parte dos Doutores Palhaços do Operação Nariz Vermelho entre 2003 e 2011. Leccionou clown e teatro do gesto no Evoé, na Estal, Fornmação de Atores (Lisboa).

Orientou workhops de Clown em diferentes locais, nomeadamente no Teatroesfera, Mil e uma Danças (Lisboa/Portugal) entre outros.

No Teatroesfera encenou, juntamente com Paula Sousa, Achtung! e Tim tim por tom tom, uma pesquisa em teatro do gesto e técnica de clown

Trabalha como actriz de teatro, desde 1995, em várias companhias e projectos (Teatro ao Largo, O Bando, Teatro Joana, CENDREV, Teatro Meridional) e encenadores João Ricardo no Teatro Nacional em “Sonho duma Noite de Verão”, com John Mowat na companhia do Chapitô em “O Café”. Em 1999 criou Bip Bip Teatro apresentando o espectáculo “Das duas, duas e o chapéu de coco” em Portugal, Espanha e Brasil.
Colaborou com o Chapitô em animações teatrais. E é contadora de histórias em bibliotecas e outros espaços.

Fez parte do Teatro Ka, companhia de artes de rua, onde actua em “Uruboru” (espectáculo em andas)
Actualmente tem dois espectáculos em carteira “Dona Estrela” (teatro e contação de histórias) e “Já Tá” (espectáculo para bebés) a solo.

Em 1999/2000 leccionou aulas de improvisação e movimento teatral no Estabelecimento Prisional de Tires, orientou aulas de Expressão Dramática alunos do 1º ciclo através do Teatro Esfera.

Protagonizou alguns spots publicitários, entre 1998/99, para a Mega fm, Sumol, Telecel, TV Marcelo.
Fez dobragens no País Basco em 1999.

Inicia a sua formação artística em 1991 no curso de actores do IFICT (Lisboa), ingressa em 1992 na Escola de Teatro de Évora. Em 1996/97 é bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian para estudar na École International du Thêatre Jacques Lecoq.
Ao longo do seu percurso artístico participa em vários workshops (Theatre du Mouvement, Stan, teatro do gesto com J. Mowat, etc…), assim como na formação interna promovida anualmente pelo Operação Nariz Vermelho direccionáda para o trabalho de clown. André Riot-Sarcey, Ângela de Castro, Sergio Claramunt, Ricardo Pucceti, Amy Hatab são alguns dos formadores internacionais desta vertente da arte performativa. Participou em Agosto de 2011 no Odin week festival, Dinamarca. Graduada em Antropologia no ISCTE- Lisboa.



A EUROPA É REALMENTE RICA?



Lá em baixo o mar. Nove horas praticamente sobrevoando o mar. Ótima oportunidade para descansar, reflectir e esvaziar os pensamentos.Aproveito e vejo dois documentários escolhidos a dedo. No meio de alguma tantaescolha o facto de se poder escolher é um regalo. Poderia escolher aquelas pastilhas elásticas denominadas de comédias com ingredientes bem precisos de futilidade e entretenimento. Estarmos entretidos faz bem. Nada contra. E afinal o que é ser futil? Boa questão... É não irmos ao fundo da questão e tomar a superfície como algo que é aquilo e que sempre foi assim?

A dedo escolho ver um documentário sobre o José Saramago. Emociono-me. As lágrimas caem quando aquele escritor maldito para alguns comenta que certa vez, numa universidade na Suécia, dissera que a pessoa mais sábia que conhecera era o seu avô iletrado e analfabeto. Avô esse que, antes de ir para o hospital na cidade grande, despedira-se das suas árvores de fruto, abraçando-as, pressentindo a sua partida sem regresso. Saramago fala sempre das suas origens muito humildes, onde a fome e a privação eram o modo de vida da população em geral. E não era só em Portugal. Era em Espanha, Itália, Grécia... Ahhh a rapaziada do centro e norte da Europa ocidental também não vivia à grande e à francesa. O "grande e à francesa" sempre foi para muito poucos. E estamos a falar à luz de 50, 60 anos. Não é nada. Ou é? Atendendo que falamos da geração dos nossos avós e pais que começavam a trabalhar aos 12 anos e que muitos não tinham o que comer, calçar e vestir.

A Europa sempre foi rica e próspera. Ahahahaha Essa 'tá boa! Ai a memória de passarinho. Talvez muitos se esqueçam ou preferem esquecer que a escravatura não foi só negra e que aqueles que entravam nos navios para o novo mundo foram separados das suas familias e vendidos logo no cais, entre outras histórias duras de privação e muita exploração. Mas hoje para muitos é fino e chique dizer que se é descendente de Europeu. E muitos equívocos podem se instalar com a categorizaçãos de países desenvolvidos, em vias de desenvolvimento e terceiro mundo. É só no pós guerra que se veio implementar o conceito de bem estar social, essa prática não é homonégia em toda a Europa. Do meu Portugalito manco cheio de desperdiçados recursos sei que o bem estar social é uma imitação manhosa do que poderia ser. A Espanha mesmo assim aparenta ser mais próspera. E amiguinhos... A Itália... Viajando para o Sul a fineza estala. Eu fui até à Sicilia. E fogeeeeee.!!! Talvez a Itália para muitos é Veneza, Florença, Torino, Roma e pouco mais. Assim também eu! Mas a Itália é muito mais que isso. Já nem falando de coisas começadas por M: máfia, machismo que é uma prática upa upa. Vou ali já volto. Eu também não me orgulho dos meus antepassados históricos serem colonos. Digo antepassados históricos, porque os familiare ao que consta vêem do nada. Mas assim como assim prefiro vir do nada do que do aparentemente tudo que não é nada.

Enfim, sei que quando vivi temporariamente em Berlim, já que é ali ao lado da minha terra natal e contrariamente a que muitos pensam e acham existem muitas formas de se viajar com pouco dinheiro. Uma delas é chegar aos lugares disposto a trabalhar. Ai que a frase já vai grande! Retomemos! Sei que quando vivi em Berlim fui convidada para um jantar tipico alemão na casa de uns amigos. Curiosa esperei. Controlei o meu espanto quando veio para a mesa batatas cosidas para barrar com manteiga. Mais tarde, fora dali, perguntei a uma amiga se batatas cosidas com manteiga era um prato tipico alemão. Ela respondeu que sim e que durante a segunda guerra comer manteiga era um luxo. Ora isto não faz muito tempo, uma questão de avivar a memória recente. Como se diz na minha terra: "Comem muito queijo, depois esquecem-se!" Realmente comer queijo é muito bom, mas também é caro. Mas cara! Apagar a memória é apagarmos-nos de n[os mesmos e iluminarmo-nos de neons de lâmpadas que se fundem à primeira respiração mais profunda: Ooooooommmmmmmmm Hoooooomeeeeeeemmmmmmmmm

a Piu
Br,08.08.2014






MALANGATANA NGWENEYA, HOMEM DE ALMA GRANDE



Talvez hajam outros pintores moçambicanos tão bons ou melhores que o Malangatana. O que é que isso interessa? Talvez interesse sim. Interessa promover a expressão artística como componente primordial da identidade de um povo. O trabalho do Malangatana é de se tirar o chapéu, assim como o do Mia Couto. Talvez hajam escritores tão ou mais interessantes que o Mia. Juntem-se e mostrem-se para o mundo! Sim, juntarmo-nos é importante. Faz-nos sentir que não estamos sós e isso dá-nos força interior para continuar, não esquecendo as nossas raízes e abrindo-nos para o diálogo.
Sinto orgulho em ler na ficha técnica do documentário sobre o Malangatana o nome daquele casal que conheci em Barão Geraldo. Eta! Finalmente vejo um filme realizado pela Isabel! Sinto orgulho por ela e pelo Casimiro em nos oferecer um filme que dignifica o Malangatana e o seu povo, que entre eles falam a sua língua e não português. É tocante também assistir ao diálogo entre o Mia Couto e o Malangatana, onde se adivinha amizade e uma profunda admiração. Bonito momento inicial onde o pintor fala com uma criança dos monstros do seu quadro e que um dia, quando crescer, falará melhor destes monstros que no quadro não fazem mal.De facto a arte serve para exorcizar os nossos monstros e fantasmas e sonhar com um mudo realizável. Também sinto indignação da PIDE (Policia Internacional de Defesa do Estado/ policia que estava ao serviço do regime fascista português que durou entre 1932 e 1974) ) ter violentado o pintor em tempos de ditadura fascista e colonialismo. Mas penso que a homenagem que a Isabel e o Casimiro fazem a esse grande pintor moçambicano de corpo redondo, voz rouca e doce e ao seu povo é uma ponte para nos juntarmos mais. Que branco, preto, amarelo, vermelho é uma questão de pigmentação e que diversidade cultural, linguística e outras diversidades enriquecem a alma.

a Piu
Br, 08.08.2014