Vestir, calçar, comer, beber, pensar, sentir, agir são atos politicos. Não ser politizado é um ato politico também. Seguir as tendências como não segui-las é um ato politico. Pensar pela própria cabeça além dum ato politico deveria ser um dever, antes dum direito. Existem cabeças de todas as formas e feitios: redondas, bicudas, quadradas, achatadas. Cabeças de vento, cabeças com a mioleira só para fazer peso para o nariz não cair despropositadamente, cabeças tão pesadas pela mioleira pensar tanto que se arroga contra o caminho do coração, cabeças cabeludas, carecas, de penteado leve e solto ou de brilhantina para os mais velhos e gel para os modernaços. Há de tudo nesta vida pela qual passamos. Se existem passadas e futuras tudo bem, mas é nesta que agora vivemos e se for para limpar os tais dos karmas então mãos à obra.
Estas são umas sandálias nordestinas nos pés duma portuguesa com umas tantas costelas, uma delas é alentejana, que é uma região ao sul de Portugal cujo povo tem as suas semelhanças com o nordestino. Os pés com as ditas sandálias pernambucanas, não das lojas pernambucanas ( vamos combinar) e sim do Estado do Pernambuco, estão em primeira posição na gramática do balé clássico. Sim, aqui a portuguesa com costela alentejana de sandálias nordestinas praticou balé clássico na infância, depois os seus horizontes foram-se abrindo ainda mais até chegar à cultura popular brasileira entre outras culturas não europeias que não a francesa, com o seu valor mas que não é a única nem foi nem nunca será a melhor ( se é que existe a cultura melhor. Da minha parte desconfio que não.)
Os pés estão forma de V de vitória, o que isso possa significar. São vermelhas porque a Anuska gosta de vermelho, independentemente dos partidos, assim como gosta de verde e também de amarelo. Os seus pés estão pousados, para não dizer enraizados no quintal da sua casa numa grama que cresceu agora com as chuvas, onde pequenas florzinhas vermelhas de primavera. Posso sempre alegar que a conjugação de cores tem a ver com a bandeira de PT... Portugal! Ihihih Uhuhu ahahah olha a pegadinha!
É um tanto constrangedor alguém se ofender e até agredir outres por usarem cores nesta campanha eleitoral. Agora no Brasil a roupa vermelha é dos petistas e esquerdas e a verde amarela dos.... Não sei o que lhes chamar.... Esses mesmo de categoria inqualificável que são preconceituosos com nordestinos, negros, pobres, trans, homosexuais, mulheres.
Eu tento não bater de frente com os de categoria inqualificável porque desconfio que o diálogo poderá ser inexistente ou infértil, mas dou-me ao trabalho de confrontar aqueles e aquelas que considero que podem ser companheirxs. Quem defende os direitos dxs trabalhadores espera-se no minimo que respeite o trabalho dos nordestinos, negros, pobres, trans, homosexuais, mulheres. Por exemplo, há lugar para o machismo a esta altura do campeonato? O machismo é algo muito sério, assim como o racismo, a homofobia e o classismo. Como ninguém nasce racista, homofóbico e machista acredito que todos nós nascemos para nos trabalharmos internamente. E isso leva uma vida inteirinha. A união começa por nos dispormos a nos auto conhecer ao invés de partir de suposições acerca da existência alheia, da importância ou da desimportância da força de trabalho de quem nos rodeia. Ser-se anti racista, anti homofóbico e anti machista é sair, por exemplo, do lugar de pegador onde se exotiza e coleciona-se seres humanos entre um date e uma crise de carência e solidão. Somos sim seres solitárixs que precisamos de lidar com a nossa solitude para que os encontros e a uniãos tenham a firmeza da transparência e da não mentira. Ser-se anti racista, anti homofóbico e anti machista e solidário é não permitir que ninguém boicote e desrespeite quem trabalha com dignidade.
Onde há vontade de caminhar que os pés repousem para escutar a auto consciência e onde vai a consciência do coletivo.
A Piu
B'Olhão Geral Zem 19/10/2022
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