UMRIGAR, Thrity " A distância entre nós" . Editora Nova Fronteira, RJ: 2005.
Quando enxergamos e falamos da condição da mulher precisamos ter em conta os diferentes contextos sociais, culturais com as suas questões especificas. Para entender essa diversidade e também a desigualdade de oportunidades para que a emancipação feminina seja efetiva, não precisamos de ir até à Índia, por exemplo já que tem uma moda aí desde os anos 60 de ir até lá por variadíssimos motivos. Nomeadamente em busca de evolução espiritual. Basta andarmos nas ruas de uma qualquer cidade brasileira. Bom, aqueles que não olham a rua como um perigo eminente, como tal alegam que a insegurança é dos motivos que os faz sair do país. Basta saber se a pessoa tem consciência que ostentar, desconsiderar duma forma classista quem o serve ou está numa situação antes do precário. Mesmo que a pessoa se espiritualize ou tome consciência de algumas disfunções sociais até um certo ponto, isso por si só uma violência. O medo é também uma armadilha. Enquanto se enxergar o "outro" com indiferença ou preconceito a insegurança continua em curso.
Mas tomemos, então, estes dois países como um ponto de partida para dar corda à manivela da cebecinha e do coraçãozinha. Entendermos, assim, minimamente que enquanto houver uma desigualdade social gritante, num sistema de castas e/ou meritocrático as mulheres continuam sob o jugo de uma lógica patriarcal em que o capital, seja este econômico e/ ou cultural, é mais importante que a dignidade de cada ser vivente.
Enquanto no Brasil e a Índia, países colonizados, se agir com essa mesma lógica colonialista de senhor(a)/ vassal(a), de patroa/ criada/ tá! funcionária que é como se fosse da família ;) ;) , trabalho não reconhecido logo não remunerado justamente falar de emancipação da mulher é a modos que manco.
É óbvio que uma mulher negra, pobre economicamente , mãe solteira, morando na favela ou até mesmo uma mulher negra intelectual dum recorte social em ascensão ( o que incomoda muitos duma elite brasileira branca) não tem sempre as mesmas preocupações e metas que uma mulher branca. Mesmo que esta não seja abastada, o facto de ser branca pode eventualmente abrir mais possibilidades de ascender ao que almeja para se realizar.
Já uma mulher intelectual abastada, por exemplo, que apesar de se dizer feminista se (in)conscientemente considera uma tradição normal (?!) ter faxineira, cozinheira, diarista, interna sendo paga de forma duvidosamente justa e ainda ser constantemente colocada no seu lugar de " você pode abrir a minha geladeira, mas à minha mesa não se senta comigo nem dorme num quarto tão confortável como o dos hóspedes." * veja-se o filme brasileiro: " A que horas ela volta". Assim como o livro da autora indiana acima citada.
Por incrível que pareça em pleno 2019 existem mulheres brancas que nunca enxergaram uma mulher negra, indígena ou de uma outra classe social, independentemente da pigmentaçãom como semelhantes. Na verdade o que pega bastante é a pobrefobia que atravessas cores e etnias... Essa fobia reduz os seres humanos ao status, poder aquisitivo e outras estreitezas que a mente constrói muitas vezes com justificações transcendentais. Veja-se o sistema de castas na Índia. O grande desafio é sinalizar a lógica de casta no nosso contexto para romper com isso e o movimento ser muito mais horizontal, de olho no olho sem distinção de sangues, status, de aparências e tal e tal. " Sejamos, então, a diferença que queremos ver no mundo, como diz o Gandia. Prestando atenção nos detalhes do dia a dia.
A Piu
Br, 13/10/2019
Ah não se esqueça de curtir, se curte, a página no facebook " Ar Dulce Ar"- espetáculo de palhaçaria feminina sobre erradicação da violência contra a mulher com Geni Viegas e Ana Piu com direção de Leonardo Tonon e assessoria artística de Adelvane Neia. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209
Thrity Umrigar |
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