quarta-feira, 4 de julho de 2018

PRECISAMOS DE CONVERSAR UNS COM OS OUTROS OLHOS NO OLHOS COM TACTO



" Seja leve/ esvazie o que te pesa/ valorize o que te alegra/ FALE O QUE TE AFETA/ sinta forte o que te move/ silencie o que desgasta/ agradeça o bom que te acontece (autora desconhecida)
" Hoje ser homem heterosexual naquele instituto é comprometedor', diz o jovem rapaz de 20 anos, estudante de universitário. Sim... Hoje, uma parte considerável de mulheres está cada vez mais desperta, logo atenta, e mobilizada para dar um outro rumo às suas histórias de vida. Nesse processo de emancipação e de dar um 'basta" para o assédio e ao limite violência física algumas podem cair na armadilha de diabolizar todos os homens. Mas num país, como o Brasil, onde a própria midia vende a mulher como uma bolacha crocante e em que a beleza dos anos que passam é desconsiderado ... Em que se confunde substancialmente pornografia com erotismo. Em que lidar com o seu próprio corpo e com o corpo do outro é como um ato de apropriação descartável... Violência contra a mulher, infelizmente, existe em toda a parte do mundo, mas num país em que porte de armas é tão naturalizado como olhar a mulher com desdém e achar que pode intimidá-la gratuitamente ou olhá-la cinicamente como um passarinho desprotegido em que o gatão de sorriso serrado vai proteger...
Nem todos os homens são assim. Muitos, mesmo reconhecendo que tiveram uma educação machista, querem se repensar, mudando padrões de comportamento. É para nós mulheres e para esses especificamente que escrevo. Não sei se um machista misógeno deixa de o ser assim tão facilmente. Não conheço, mas podemos-nos sempre surpreender. O desafio é olharmos de frente para nós mesmas e compreender se estávamos alinhadas e que pensamentos e sentimentos alimentamos dentro de nós para atrair uma ou várias situações, sejam prósperas uma uma grande cilada. Existem pelo menos duas hipóteses para atrairmos situações e parceiros ou parceiras abusiv@s: 1. reconhecemos o padrão praticado por quem nos está próximo e fez parte da nossa formação enquanto ser humano e repetimos. 2. Não reconhecemos, porque nunca presenciamos relações abusivas e caímos nessa grande cilada por carência de alinhamento e de referência.
Seguindo a lógica da lei da atração, o que alimentamos dentro de nós enquanto sentimentos e pensamentos irá reverberar no exterior. Com isto não quero dizer que merecemos ser maltratadas, desconsideradas por homens e/ou mulheres que nos atraem com o seu carisma e poder de sedução. A questão é que muitas vezes nos relacionamos por carência e não por abundância. Se estamos cheias e inteiras estamos capazes de respirar com tranquilidade e abrir espaços na nossa vida para que gestos, situações de amorosidade aconteçam. Somos capazes de observar com tranquilidade para ler sinais, sejam estes edificantes ou destrutivos. Escutar a intuição é auto conhecimento.
Existem, pelo menos, duas hipóteses para atrairmos um algoz, que na maioria das vezes é carismático e naturalmente sedutor em que muitas e muitos nada teriam a apontar do mesmo, o que indica que também é manipulador e usa a mentira ou a verdade distorcida a seu favor.
A primeira hipótese é que tendemos a repetir padrões existentes na família. A segunda hipótese é que por não reconhecermos esse padrão de violência caímos nessa cilada por desatenção, falta de alinhamento com nós mesmas, falta de observação. Os sinais estão sempre à nossa frente, umas vezes mais sutis outras mais evidentes. Por vezes não queremos ver. A paixão nos cega com suas idealizações.
Alguém que é possessiv@ e ciument@ já começa errado. Façamos então o exercício de observar se somos possessivas ou se o outro é possessivo que quando rejeitado entra naquela frequência de " nem pode nem sai de cima". Se nos relacionamos por carência ou por plenitude de tranquilidade e pulsação leve, colorida, borbulhante, borboleteante.
A confiança e admiração mútua é a base de tudo, onde o respeito obviamente está latente.
Alguém que comete uma fatalidade em pôr término à vida de terceiros e eventualmente à própria é porque está profundamente perdido, desconectado de si mesmo. A sua criança interior está profundamente ferida. Olhar com esse olhar empático pode ajudar-nos a libertar tanta dor que atravessa gerações e gerações. Bem sei que nem sempre é fácil. Mas transmutar raiva, tristeza, dor em AMOR EMPÁTICO é uma missão. Acredito piamente que o que nos une a todos como missão nesta efémera passagem é AMAR E SER AMAD@. E amor rima com Amor, não com dor nem com possessividade. Isso é uma ferida que precisa de ser curada com alento.
Assim seja. Assim É.

Ana Piu
Brasil, 04/07/2018


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