quarta-feira, 25 de julho de 2018

OS PREPARATIVOS DE " A VIAGEM DE MARIA DA LUZ - diário de bordo

A Naomi com os seus olhinhos de amêndoa e cabelo preto veio perguntar o que era aquilo. Eu expliquei que estava construindo uma história para um teatro lambe lambe e que precisava de ajuda. Já tinha mostrado em casa, mas ela tinha ar de ser uma boa espectadora e quem sabe uma ba diretora. Ela aceitou ser a minha diretora artística, revendo cada entrada e saída de objetos assim como a sua movimentação. Durante uma meia hora ou mais ganhei uma diretora atenta e meticulosa de 7 anos que relembrava-me a ordem dos objetos e o rigor da manipulação de cada um. Depois despedimos-nos, pois o seu irmão recém nascido esperava pela sua atenção também.
Percebi que o tecido preto não podia ser de cetim para não escorregar pela cabeleira do espectador e assim perder-se o intimismo e que a iluminação pode ser uma lanterna de cabeça, mais ou menos como os mineiros usam. Não estamos a falar de escavar caminhos até chegar à Luz? Então, é isso. E assim vamos caminhando gerando conteúdos do nosso ofício porque a poesia pode estar em todo e qualquer que passa e se aproxima.






No sábado de manhã saí para a praça para apresentar para quem estivesse interessad@ as personagens da tal da viagem de Maria da Luz que decide atravessar o deserto em busca de si mesma; da sua verdade interior como uma pequena pena boiando no ar duma pequena garrafa que boia em alto mar. Lisa talvez não faça parte do elenco, mas foi na mesma para dar aquele up, aquela good vibration para atrair @s mais curios@s. 


Maria da Luz é um serzinho de papel machê  oferecido pela amiga Anabela Teixeira há uns bons anos atrás. Disse ela que aquele ser lembrava eu ou vice versa e troca o passo. Para todos os efeitos fiz aquele balézinho básico entre os 7 e os 11 anos, sempre num estilo inconfundível de não me aguentar muito nas pontas das sapatilhas de cetim. :P
Em cima da mala vemos um raspador de bolo que usávamos em casa para fazer bolos. O raspador sempre muito cobiçado para a sessão de lambidelas depois da feitura de qualquer acepipe doce.  Há quem chame de Salazar ( um denta dura facho portuga que caiu duma cadeira e foi desta para melhor, como todos nós um dia só que uns mais leves que outros conforme o caminho que tomarem pelo deserto). E porque chamam ao raspador d Salazar? Por que o mesmo era muito poupadinho. Ora pois, pois. Só que aqui a Ana, a Piu colou uma flor vermelha cor de paixão e de liberdade no tal do raspador. Esse objeto na viagem de Maria da Luz é uma espécie de escavadora suave para abrir caminhos.
Em baixo, temos um cabide que pendurou muita roupita no meu armário de infância. Um bambi espanhuelo. Nunca conversei com ele, pos sorri em posição de Cleópatra,
 mas ao que consta veio da terra vizinha. Já o vestido foi gentilmente oferecido por alguém no Brasil. É um dos vestidos da criança que Maria da Luz não se esquece de continuar a ser. Dentro da mala passa-se a história. História essa que é surpresa contada em forma de segredo para os que se aproximarem com curiosidade, liberdade e inocência.





A PIU
Brasil, 25/07/2018

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