Ando aqui às voltas com um tal de "Negotion Cultures, Eugenio Barba and the intercultural debate" do Ian Watson and collegues. Bom... Fala de trocas culturais e afins. Em 1995, tinha uns 21 anitos, lançei-me à profissão de teatreira após umas passagens por cursos de atores. A primeira companhia onde trabalhei foi o Teatro ao Largo. Viajar pelo Alentejo, montar e desmontar palcos, atuar, seguir via...gem. Mostrar teatro a gentes que nunca vira teatro ou tinha uma vaga memória dos saltimbancos. Os espetáculos eram apresentados na praça da aldeia e eram de graça. Levar a cultura onde o povo está. Cultura e arte para o povo DE GRAÇA. Para mim era um sentido de vida, uma missão. Muitas vezes escutei: "Aquilo também eu sei fazer!". Cool... Hoje pergunto-me: "Mesmo que simbólico as pessoas devem pagar?"; "Que valor tem o meu trabalho? As horas de dedicação e pesquisa não conatabilizáveis, não remuneradas e investidas em formação?" Mas o que me entristece é quando malta do meio artistico quer que trabalhe de borla por dá cá aquela palha. EU DOU BORLAS, MAS A QUEM EU ESCOLHO, PORQUE ESTA É A MINHA PROFISSÃO. Aqui há 2 meses escutei do Barba (ao vivo e a cores):"Dar borlas é ser estúpido, há que fazer trocas. O nosso trabalho tem um valor". Ando a pensar nisto e adaptando à MINHA REALIDADE, ONDE O DINHEIRO, NESTE MOMENTO, NÃO É A ÚNICA MOEDA DE TROCA. Mas há contas que só em dinheiro mesmo. To be or not to be. Where is the question?
Trocar é comunicar, criar uma eventual relação de igual para igual. Há uns anitos atrás viajei para Marrocos com uma malta de Espanha. De carro até ao Sahara com medicamentos, material escolar e roupas para dar. De repente, a meio da viagem..., percebi que estava a fazer turismo humanitário. Ao cruzar-me com um vendedor de tapetes e túnicas ele não quiz dinheiro, porque não lhe servia para nada. Precisava de uns sapatos e dumas peças de roupa. Trocámos. E o mais curioso é que eu não tendo jeito nenhum para regatear, regatiei. Era essa a regra do jogo onde a dignidade do senhor era visivel. Nessa viagem confirmei que ninguém gosta de ser tratado como pobre e o que é dado sem reciprocidade causa ganÂncia entre as pessoas que recebem e não se cria nenhuma relação com quem dá somente. Trocar é valorizarms-nos mutuamente, sem paternalismos
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