sábado, 24 de julho de 2021

SIM, SER MULHER AINDA É UM DESAFIO


 Gostaram do titulo? Lembra aquela revista feminista 'ca minha tia lia no inicio dos anos 80. Revista 'Mulheres'. Mas aviso já que este titulo é quase uma publicidade enganosa, pois não vou falar exatamente do desafio de ser mulher, seja esta portuguesa, brasileira, chinesa, nigeriana, mexicana, nova zelandesa e etc e tal. Porquê? Porque olhando bem esta foto pensei melhor no que queria escrever sucintamente (?!) nas redes sociais acerca de. 

Esta foto sempre me intrigou. Ingenuamente, durante muitos anos, achei que se tratasse dum erro ortográfico. Achei que em vez de draga deveria ser Braga, Mas mesmo assim não fazia sentido: Lisboa Braga ETA. Não, para os mais desavisados ETA não tem a ver com " Eta eta eta! É a lua, é o sol, é luz de Tieta!" Embora a foto sugere o Trem Azul naquela parte: " O sol na cabeçaaaaaa!"

Esta foto pode sim  ser um dispositivo para mergulharmos num estudo mais profundo. O que foi a ETA e como foi a sua passagem por Portugal. Sim, numa época a ETA  estava a tranferir a base logística para Óbidos, em Portugal, mas  que depois foi descoberta. Para mais aprofundamento temos o livro " Uma história da ETA- nação e Violência em Portugal e Espanha" de Diogo Noivo,  analista político e estudioso do terrorismo. 

Até aos 18 anos eu só conhecia a Peninsula Ibérica, Portugal e a vizinha Espanha. Com as teatradas, enquanto estudante e depois profissional comecei a viajar pela Europa Ocidental. Até essa data eu sempre ficava muito impressionada com aquelas falas das telenovelas brasileiras: " Vou dar um tempo, preciso de me encontrar, vou viajar pela Europa". Deviam ser pessoas muito ricas e com muito tempo, pois não se conhece a Europa em dois meses. De que Europa falavam, pensava eu. Resumindo: ser artista é uma profissão, ser mulher é um estado que nós assumimos para a as nossas vidas como diz a Simone, a de Paris que era filósofa: " Não se nasce mulher, torna-se mulher". Conhecer os lugares a partir da minha profissão de teatreira é muito bom, mil vezes melhor que a de turista. Temos um contato mais humano com as pessoas e com abertura desfazemos velhas dores históricas doando-nos com o nosso trabalho que nos dignifica e nossa humanidade.

Da América do sul conheço Brasil, Argentina, Chile e Colômbia. Sempre fico muito impressionada.... Como um território tão grande em alguns pontos relembra a "minha" pensinsula Ibérica?!?! Se eu saio de Espanha, encontro a França onde se fala francês e a Itália onde se fala italiano e por aí vai. Que projeto monstruoso foi esse de dissimar sociedades, civilizações e culturas e conseguir instituir linguas oficiais vindas do outro lado do Oceano. duma pequenita península?!?!? 

Eu já estudei na graduação em Antropologia sobre o País Basco e a Catalunha, não falando da História de Portugal que é pautada constantemente com batalhas e guerras contra os mouros e o reino de Castela. Já não falando dos povos anteriores à Lusitânia. Ou seja, uma História de cunho meramente patriarcal onde a lei da porrada, da violência, da imposição, da dominação, da matança é o que singra, relegando para o último plano o feminino, o respeito pela mulher e o que esta pode gerar além de filhos. Isto é, ela enquanto ser criador e criativo. 

Parece-me a mim e muites de nós que já é tempo de dar um belo tchauzinho à lógica patriarcal, principalmente nas nossas relações micro com nós mesmes e com quem nos rodeia.

Enfim, até ao próximo texto sobre o assunto.

Bom sábado e cuidem o coraçãozinho porque este é muito sábio. O magano!

A Piu

Campinas SP 24/07/2021

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