segunda-feira, 30 de julho de 2018

DO OUTRO LADO DO ESPELHO TEM AS OUTRAS ALICES EM OUTROS PAÍSES DAS MARAVILHAS

No domingo esqueci da caixa cenografada da Maria da Luz. Mas como nada acontece por acaso procurei uma outra solução com a primeira caixa que criei para a Maria da Luz. Uma espécie do tipo: " Se vira, Piúuuu!". O Gabriel foi a "cobaia" , assumindo o papel dum espectador que dá umas boas dicas tanto cenográficas  como a poética das mesmas. Valeu, Gabriel!
 O Gabriel além de trabalhar na secretaria da cultura da Prefeitura de Vinhedo é estudante de artes visuais. Muito bem! Que quem ocupe funções em orgãos públicos tenham um olhar sensível e trabalhado sobre a matéria.

O menino Pepeu megulhando na toca do coelho de "  A Viagem de Maria da Luz".
O Pepeu do outro lado da caixa numa relação interativa durante a apresentação. Tocando as minhas mãos e os objetos com as pontas dos dedinhos. Um menino muito especial, que segundo o pai e o tio concentrou-se do principio ao fim como é raro. Uma honra para a menina Piu.
Onde as linguagens se encontram: grafismo, poesia, música e artes cênicas
Levei muitos anos para me apresentar como atriz. Uns 5 ou 6 anos depois já ser essa a minha profissão. Se por um lado considerava pomposo tal denominação, achava também pretensioso para a minha curta trajetória. Para assumir que sou artista ainda levou ainda mais um bom par de anos. Aprendi a não ter receio dessa auto denominação com a querida Judite da Silva Gameiro que na sua expressão franco-lusa falava da sua equipe e do nosso meio " les artistes". Atriz palhaça também é algo relativamente recente. considerando que nasci no século passado do milénio anterior. Depois, mais tarde... recentemente! por circunstâncias da vida foi como que "obrigada" a aprender a produzir o meu repertório artístico. A começar a encarar olho no olho essas crenças limitantes que são: artista não se sabe vender!; com a crise financeira ninguém tem dinheiro para a arte. Buuhhhhhh! Sai para lá balela! Se é necessário muito peito para enfrentar as crises financeiras e o sistema que nos quer individualistas, aprendemos também a entender que a crise mais do que é financeira é de valores. E quando a ficha cai as asas crescem, os pés enraízam-se, a cabeça e o coração abrem-se para que possamos realmente continuar caminho acreditando no nosso trabalho e que juntos somos mais com o paradigma da empatia ao qual podemos chamar de ecologia das emoções. Desta forma e desta feita jogo aqui para o universo: parcerias ( sejam de foro privado, público e profissional ) somente onde o bom trato, respeito, escuta e admiração sejam mútuas. Cá nada de mal tratar ninguém nem permitir que nos mal tratem! Utla! Salta daqui para fora! Nada paga o nosso equilíbrio emocional, sabendo que a saúde começa no coração e suas emoções e sentimentos adjacentes. ;)

E como a arte para respirar e crescer, no meu ponto de vista, precisa de interlocução continuo a compartilhar o trilhar dum trabalho que requer dedicação, estudo, trabalho. Por estes tempos também compreendi que se não abrirmos mais as portas do processo do nosso trabalho o cidadão comum não vai saber porque a nossa profissão é uma profissão e que a sua função social é efetiva. Mil vezes grata a todos e todas aquelas que têm contribuído na formação em produção cultural e economia criativa: Cassiane, Lisa Bueno, Anna Kuhl, Ju Rossi entre outrxs.

Nos dias 28 e 29 de Julho aconteceu em Vinhedo Paisagem- Festival de Impressões. Apresentei duas caixas de teatro lambe lambe. A primeira já apresentada aqui no Brasil, Portugal e Chile. A segunda estreou. E por ter estreado ainda está em construção porque é com a relação com o público que a mistura fina vai acontecendo. Delegar ao espectador a sua visão, como se dum diretor artístico se tratasse, é um enorme prazer e honra. Como artista crio para as pessoas. O meu foco é comunicar. Então o olhar das mesmas é me caro. Porém neste final de semana criei uma frase de efeito em conversa com parceiros das artes visuais: Eu não crio para agradar. Eu crio para tocar.

Vamos lá então ao registro fotográfico desta jornada.

Lambe lambe a la carte: " Uma janela para o largo" e " A Viagem de Maria da Luz" autoria: Ana Piu



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