segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

VIVAM OS HOMENS QUE HONRAM AS MULHERES E AS MULHERES QUE HONRAM OS HOMENS E AS MULHERES E ASSIM SEMPRE EM MOVIMENTO CONTINUO!

" Precisamos tomar consciência de nossos úteros. O útero é nosso segundo coração, nosso coração arcaico, ligado às nossas entranhas e ao coração da Terra, É nosso centro de poder, a parir dele podemos nos alinhar para tomar decisões e nos apropriar de nossas vidas. (...) Em nosso útero podemos guardar memórias de nossas vidas ( como de relacionamentos passados, abusos vividos), memórias de nossas antepassadas ou mesmo memórias do inconsciente coletivo.
Também podemos guardar informações a nível celular e energético de nossos parceiros sexuais por anos. Algumas tradições espirituais dizem que retemos essa informação por pelo menos 3 anos ( alguns dizem 7, outros ainda 9). Por isso precisamos ter muita consciência sobre quais pessoas decidimos abrir nosso campo energético e trocar nossos fluídos. É importante seguirmos o caminho da sexualidade sagrada e consciente que implica profundo respeito e entrega entre parceiros durante o ato sexual, para que o amor e o prazer possa fluir. Precisamos de limpar o nosso condicionamento em relação ao sexo ( hoje tão pautado pela pornografia que normatiza uma sexualidade focada na violência, no esvaziamento emocional e na performance falocêntrica) e abrirmos nossos corpos e almas para o outro, com profundo amor e respeito durante essa troca energética tão profunda.

in: Mandala lunar 2019, texto " Útero, matriz sagrada" de Naíla Andrade Sakar


" Ar Dulce Ar" é um espetáculo de palhaçaria feminina sobre tema de relações abusivas, no caso o que se assiste em cena são duas mulheres, uma delas com um bebê de colo, que fogem dos seus ex companheiros. Para o efeito estamos a tratar duma relação hetero, não significa que nas relações homossexuais as relações abusivas não existam. Mas para o caso as duas atrizes palhaças decidiram olhar de frente as suas vivências e transformá-las artisticamente através da comicidade.  Como diz o poeta Rilke: a obra de arte surge duma necessidade. E rir de nós mesmas ou nós mesmos ou mesmes é libertador e considero até mais honesto do que rir da dor alheia ou do que desconhecemos. Ao limite esse riso demonstra ignorância que também é um belíssimo tema para se explorar para nos livrarmos do mesmo.

Quando Naíla Sakar critica a performance falocêntrica não significa que esteja a desmerecer o desempenhos dos homens, a desconsiderar a sua virilidade. Pelo contrário! O que ela chama a atenção é para uma performance em que o prazer do homem está em primeiro plano e a mulher é só mais um brinquedinho que talvez ainda sirva de troféu nas conversas fanfarroneiras entre amigos. Em suma, hoje as mulheres querem resgatar o que há de mais sagrado que é a líbido, a criatividade, o seu prazer com base no respeito, na atração, na brincadeira, na imaginação e na amorosidade. E com isto não significa que tenham de se casar, pois existem mil formas das pessoas se relacionarem desde que a mediocridade e fanfarronagem seja banida. Que essa é uma outra forma de violência simbólica. O que nós queremos? O que nós queremos? Ser honradas e honrar os homens que nos honram. Assim como as mulheres, quer como amigas quer como amantes, quem escolher essa via ou ambas as vias. A cada um e cada uma sabe da sua intimidade e como a própria palavra indica não é para ser invadida nem julgada.

ilustração na Mandala Lunar 2019


A Piu
Br, 07/01/2018

" AR DULCE AR" - palhaças Belltrana D' Talll ( Ana Piu) e Maffalda dos Reis ( Geni Viegas) - direção: Leonardo Tonon, assessoria artística: Adelvane Neia

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