quarta-feira, 7 de novembro de 2018

SORORIDADE É UMA PALAVRA COLORIDA

" Embora repentinamente famosa e célebre, Carolina Maria de Jesus morreu pobre, voltando a catar papel nas ruas para sobreviver. Voltou a ter a sensação de que todos a olhavam como "mendiga e suja". Não era mais a mesma mulher. Certa vez, anotou em seu caderno: " Hoje estou triste. Deus devia dar uma alma alegre para o poeta."

Uelinton Faria Alves
professor escritor e critico literário (...) Atualmente, prepara um biografia spbre Carolina Maria de Jesus.

in: Jesus, Carolina Maria " Diário de Bitita", Sesi- SP editora, São Paulo/;2014



Tanta coisa já foi pensada, dita, escrita e falada sobre a condição feminina. Há décadas isso é feito, mas ainda há muito caminho a percorrer na prática. Um deles, que se mostra cada vez mais urgente, é auto observarmos-nos e desconstruirmos todas aquelas crenças limitantes e preconceitos que trazemos embutidos dentro de nós, muitas vezes duma forma inconsciente.
Nunca escutamos tanto, como agora, palavras e conceitos como: ancestralidade, sororidade, empatia, benção do útero, hoponopono. Esses termos e conceitos são chamados para relembrar quem nós somos na nossa essência e nos reinventarmos no individual e no coletivo.

No meu ponto de vista um(a) artista até tem nacionalidade, mas a sua identidade deve ou deveria ser transversal a várias referências culturais e sociais e que se firmam no horizonte, onde o encontro com outros artistas e não artistas de outros lugares além de importante é alimento para abrirmos a cabeça e o coração.

Essa de ser estrangeir@ é uma construção que alguém cria para não incluir, porque talvez quem vem dum outro lugar tem um olhar distanciado e familiar e questiona esses preconceitos e modos de agir que estão embutidos. Logo também se auto questiona, porque nos auto observarmos-nos é no minimo honesto. Escrevo isto porquê? Porque para todos os efeitos não sou brasileira, embora conheça uma boa parte do Brasil transitando por vários contextos sociais e ser mãe duma brasileira, encontrando mais afinidade entre as pessoas do povo que não fazem questão nenhuma de viver das aparências e status cujas relações baseiam-se na vantagem que estas lhes poderão trazer. Como o Brasil é um território enorme, duma diversidade enorme de sujeitos históricos e sociais, há amig@s, parceir@s para todos os gostos e visões de mundo. Por isso EU AMO O BRASIL sem precisar de levantar nenhuma bandeira, a não ser a branca, a da paz e do amor pela Vida.

Estamos no mês de Novembro, mês da Consciência Negra no Brasil. Todos sabemos que os afro brasileiros vieram de África, trazidos pelos meus/nossos ancestrais portugueses. Também sabemos em que condições foram trazidos e tratados até aos dias de hoje. Tod@s sabemos, também, que quem já cá vivia eram e são @s ameríndi@s. E estes últimos são definitivamente estrangeiros na sua própria terra. Já quem é afro descendente, até hoje,  é também ainda alvo de preconceito e algumas vezes de boçalidade. Vive-se ainda num país da vassalagem.
 Assim, para muitos  quem é pobre, favelado e morador de rua é lixo ou incapaz de poder ascender a uma dignidade que nunca lhe deveria ter sido retirada desde há séculos atarás!!!... :(

Por isso estamos num momento muito auspicioso aqui no Brasil, para que tod@s os que defendemos os direitos humanos e a dignidade da vida possamos rever as vezes que somos empáticos e as que, por algum motivo, temos dificuldade em enxergar o outro ser humano na sua potencialidade.


A Piu
Br, 07/11/2018

















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