Contudo, parece que essa força nem sempre é sincera e sem vaidade. (...)
Quando então, irrompendo em seu ser, essa força chega à sexualidade, não encontra ali um ser humano, inteiramente puro, como necessitaria encontrar. Há ali um mundo sexual que não é totalmente amadurecido e puro, um mundo que não é suficientemente humano, apenas viril, que é cio, embriaguez e intraquilidade, carregado com os velhos preconceitos e vaidades com que o homem deformou e sobrecarregou o amor. Como ele ama apenas enquanto homem, não enquanto ser humano, há em suas sensações sexuais algo restrito, aparentemente selvagem, enraivecido, temporário e efêmero. (...) Os homens convertem até mesmo o ato de comer em uma outra coisa: carência por um lado e excesso por outro obscurecem a clareza dessa necessidade. (...) quando ele cria a partir de seu intimo está dando à luz. Talvez os sexos tenham mais afinidade do que se considera, e a grande renovação do mundo talvez venha a consistir no fato de que o homem e a mulher, libertados de todos os sentimentos equivocados e de todas as contrariedades, não se procurarão mais como adversários, mas como irmãos e vizinhos, unindo-se como seres humanos, para simplesmente suportar juntos, com seriedade e paciência, a difícil sexualidade que foi atribuída a eles."
Rilke , Rainer Maria 1875-1926 ' Cartas a um jovem poeta" Porto Alegre: L&PM, 2009.
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